domingo, 15 de julho de 2012

Frases da FLIP, para encerrar o assunto - por Raquel Cozer (Folha de São Paulo)


Tinha prometido a mim mesma só voltar ao assunto Flip em 2013, mas essa superou qualquer expectativa minha: a Diana Passy, que cuida das mídias sociais da Companhia das Letras,transcreveu 16 debates da programação oficial ou paralela envolvendo autores da editora. É claro que uma coisa ou outra se perdeu, mas o essencial, para quem não viu, está ali.
(Admiro a empreitada: no ano passado resolvi transcrever toda a entrevista do Antonio Candido e quis morrer três vezes antes de completar um terço da gravação.).
Algumas boas frases da Flip, então, cortesia do esforço da Diana. Incluí uma ou outra que recordei, mas este foi um ano em que consegui ver especialmente poucas mesas. Quem lembrar outras pode mandar que incluo aqui. As fotos são de Adriano Vizoni/Folhapress.


“Comecei a escrever sobre sexo porque não estava fazendo, era como uma simulação de como seria. Então aos 37 anos finalmente fiz sexo, e foi ainda melhor do que havia imaginado nos dois primeiros livros.”
Gary Shteyngart 



“’The Penis’ é uma história de um pênis que se destaca do corpo, adquire uma vida própria, uma carreira. Quando publiquei, o editor disse: “Por favor, não publique essa história, vão rir de você a vida toda”. Ele estava certo.”
“Comecei a escrever pra parar de enlouquecer. Precisava enlouquecer os outros.”
Hanif Kureishi



“Drummond sempre escreveu pra se explicar a si próprio, escrevia com o próprio fígado. E aquilo se transformava num discurso geral que se aplicava a todos.”
Armando Freitas Filho 



“O bonito do Drummond é que você aprende que precisa estar à altura da queda.”
Carlito Azevedo


“Criei um bandoleiro com Alzheimer que entrava na cidade pra matar alguém, esquecia quem era e tinha que pedir ajuda aos moradores. Recebi cartas de associações, foi algo que me fez pensar. Eles têm razão, mas eu também. É preciso respeitar, mas não podemos sacralizar as coisas também. A sacralização é uma forma de desrespeito”
“A verdade é que a gente não deve acreditar em tudo o que vê nos quadrinhos”
Laerte



“Uma vez fiz uma tira com uma mulher reclamando que há muito tempo o marido não tocava nela. Ele enche ela de porrada e diz “pronto, toquei”. Era uma piada claramente a favor da mulher, mas teve uma jornalista que disse que sou machista. Ela não entendeu a piada.”
Angeli



“O 11 de setembro foi um ataque midiático e político baseado no ataque terrorista.”
“O que me incomodava [sobre o amigo David Foster Wallace] era que vejo o suicídio como uma pequena fraude, e odeio fraudes. Mas esse é um assunto complicado, eu não deveria falar sobre isso.” 
Jonathan Franzen 



“A dificuldade de qualquer escritor contemporâneo é escrever qualquer coisa que seja nova.” (sugestão do Henrique)
Paloma Vidal



“Quando estou num momento em que preciso escrever, é triste. Mas você começa a escrever, é uma alegria. Aí você vai editar e é uma tristeza: quem foi o idiota que escreveu isso? Depois que você edita, é uma alegria de novo.”
Teju Cole



“Quando você pesquisa para um livro, precisa saber dez vezes mais do que vai usar.”
“James Wood me acusou de ser um manipulador. Então, basicamente ele me acusou de ser um romancista.”


Ian McEwan
“Na cidade em que nasci, há um grande número de suicídios. Em vez de me matar, resolvi escrever sobre a morte dos outros. A literatura não salva, mas adia a morte inevitável.”
André de Leones



“Minha mãe morreu em janeiro desse ano. Meu sobrinho outro dia estava brincando com um balão e jogando bem alto: ‘Numa dessas, talvez minha avó pegue’. Acho que ele foi muito escritor nesse momento.”
Carlos de Brito e Mello



“A leitura quebra o monopólio da construção da realidade e as barreiras de estratificação social.” (sugestão do Henrique)
Sylvia Castrillón



“Não existe ocidente e oriente na produção, isso são conceitos políticos. Não há diferença entre poetas de um hemisfério ou outro.”
“Obama é uma máscara negra por cima de um rosto branco.” (sugestão do Marcelo Miranda)
“Para mim não faz sentido uma revolução onde não haja a liberação da mulher e a separação de religião e Estado.” (sugestão do Henrique)
Adonis



“Há livros que são imediatamente reconhecidos e viram clássicos, mas alguns crescem com o tempo. Os leitores que decidem com o tempo.”
Jonathan Galassi



“Montanhas de livros chegam até você e é exasperador, porque você sabe o esforço que foi gasto naquilo. Não quer magoá-los, mas também não quer enganá-los de que aquilo é bom. E de repente chega um livro com uma voz que salta das páginas e te prende. E você sabe que este é um escritor para quem você quer trabalhar.”
Deborah Rogers



“A família deve ser uma casa, não uma prisão.” (sugestão da Rosana Caiado)
Dulce Maria Cardoso




Raquel Cozer, 33, é colunista do Painel das Letras, na “Ilustrada”, e repórter da “Ilustríssima”, especializada na cobertura de livros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário