segunda-feira, 15 de julho de 2013
De Bartolomeu Campos de Queirós
“As palavras são portas e janelas. Se debruçarmos e
repararmos, nos inscrevemos na paisagem.
Se destrancarmos as portas, o enredo do universo nos visita.
Se destrancarmos as portas, o enredo do universo nos visita.
Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do
já decifrado. Escrever é dividir-se. Cada palavra descortina um horizonte, cada
frase
anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento.
anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento.
O livro é passaporte, é bilhete de partida. A
leitura guarda espaço para o leitor imaginar sua própria humanidade e apropriar-se de sua
fragilidade, com seus sonhos, seus devaneios e sua experiência.
A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados, enquanto redimensiona seus entendimentos.
A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados, enquanto redimensiona seus entendimentos.
Há trabalho mais definitivo, há ação mais absoluta do
que essa de aproximar o homem do livro?”
sábado, 13 de julho de 2013
domingo, 7 de julho de 2013
sábado, 6 de julho de 2013
Vargas Llosa e Aurora Bernárdez: sobre Julio Cortázar
MADRID - Aurora
Bernárdez, com seu cabelo branco, caminhou lentamento enquanto abria um caminho
de sussurros. Foi até a mesa principal, sentou-se na cadeira, arrumou o vestido
branco com estampas de guarda-chuvas, sapatos e mariposas para ouvir, em
silêncio, Mario Vargas Llosa falar, ao seu lado, sobre o seu marido: Julio
Cortázar. Escutava tranquilamente os elogios e as lembranças. Quando o Nobel da
Literatura terminou de falar, ela o olhou e, após um suspiro, disse com um
sorriso:
— Gostei muito de
conhecer a Aurora e o Julio do relato que fez da gente.
Os risos das 67 pessoas
que estavam no salão fizeram com que ambos gargalhassem também. Assim, foi
oficialmente inaugurada a partida dos dois velhos amigos que se conheceram em
Paris numa noite de dezembro de 1958. Agora, 55 anos depois, evocam não apenas essa
amizade, mas também a do amigo mais importante até agora - aquele homem de
cabeça raspada, de grandes mãos que se moviam ao falar, e de juventude
implacável, que gozava da admiração de todos os que o conheciam. Naquela noite,
o veterano Vargas Llosa estava conversando com um casal, surpreso com a
inteligência de ambos e a facilidade deles para expressar ideias e trocar
opiniões que fascinavam a todos. Só ao se despedir percebeu que se tratavam de
Cortázar e sua mulher.
Com o tempo, o escritor
argentino se tornaria um dos melhores amigos e um dos mentores de Vargas Llosa.
E os convites que os Cortázar lhe faziam para ir à casa deles, em verdadeiros
momentos de felicidade. Revelações inéditas de uma conversa entre dois amigos
que, por vezes, enquanto adolescentes, se interrompiam, impulsionados pelo
entusiasmo de contar o que fizeram, o que tinham andado fazendo, que memórias
seguiam intactas em suas vidas. E como dois amigos, continuam se perguntando
coisas que antes não atreviam, e que aproveitam a oportunidade agora na
homenagem "Cortázar y el boom latinoamericano", um dos cursos de
verão de uma universidade de Madrid, organizado pela Cátedra Vargas Llosa.
As palavras abordam, por
momentos, o "Jogo da amarelinha". Entram e saem rapidamente dele.
Abordam, também, como era Cortázar ("Uma das pessoas mais inteligentes que
já conheci, com ideias muito originais sobre a literatura", conta Vargas
Llosa); como era a sua casa parisiense ("A entrada tinha um mural com
recortes de jornais"); que autores eles tinham traduzido (Aurora traduziu
Sartre).
Naquela noite de 1958, o
mito e a lenda em torno de Cortázar já começavam a tomar forma. O Nobel peruano
aproveitava o ensusiasmo de Aurora Bernárdez para entrar no jogo de verdade ou
consequência. "É verdade que vocês foram submetidos a testes de tradutores
da Unesco em Paris e conseguiram os dois primeiros lugares, e que lhes
ofereceram um contrato permanente, mas que foi rejeitado, com o argumento de
que preferiam ter tempo para ler a escrever?".
— Sim. E talvez o primeiro
lugar foi Julio quem conseguiu. E serviu para ele se curar do complexo de
inferioridade. Embora, depois, quando fizemos o curso para obter a carteira de
motorista, eu consegui primeiro.
Entre risadas, as
anedotas se sucedem em Paris, Roma...
— Porque Julio, como todo
argentino que se respeite, acreditava que o italiano era a sua segunda língua.
Mas, não.
Sua modéstia era
lendária. A viúva dele se lembra apenas de uma pitada de vaidade:
— Recém-chegado a Paris,
trabalhou em uma distribuidora de livros. Um dia, chegou em casa e, muito
sério, me disse: "Sou o que melhor empacota os livros". E era
verdade.
Mais risadas e anedotas
que chegam à obra máxima de Cortázar, "Jogo da amarelinha", cujo
êxito varreu o mundo privado que os dois tinham construído e cuidavam com zelo.
Ele se tornou uma figura pública.
— O livro caiu como uma
bomba. Mas também teve adversários que estavam atentos a outro Cortázar: o dos
contos, que não é mais ou menos melhor, apenas tem outra visão.
Até que chega a pergunta
que todos os leitores de "Jogo da amarelinha" queriam fazer a Aurora
Bernárdez: "É você que é Maga?".
— Não — ela respondeu,
com a voz suave.
Varga Llosa insiste:
"Mas se há uma pessoa real, ela se parece com você?".
— Não — disse, novamente
sorrindo, mas, dessa vez, categórica. — Não acredito em nada disso. A Maga é um
monte de palavras num papel. Pode haver muitas. Mas talvez possa ter sido
inspirada numa amiga nossa. Mas ela se ofendeu porque achou que a palavra
"maga" se referia a "bruxa".
Cortázar, segundo Vargas
Llosa, é um desses autores de grande generosidade. Dava sugestões, por exemplo,
sobre os manuscritos que jovens escritores lhe enviavam. "Tinha uma
integridade intelectual e literária que nunca abandonou". Mas o mundo
mudou Cortázar, concordaram Bernárdez e Vargas Llosa, alguns anos depois de
"Jogo da amarelinha", por causa de viagens que fez a Cuba e à Índia,
em 1968, de acordo com a viúva:
— Na Índia, tomou
consciência da dor de estar vivo. Foi quando descobriu que o homem sofria
demais. Ficou cada vez mais politizado. Logo foi para a Argentina, onde havia
uma história política lamentável, embora agora não seja muito melhor. Ele tinha
enxaquecas. Foi a um médico que, depois de examiná-lo, lhe disse que não tinha
uma doença, e sim um estado de espírito.
Finalmente, Vargas Llosa
pergunta: "O que você acha que será de Cortázar, o seu legado?".
— Não tenho ideia. Temos
que esperar mais 50 anos. Acho que Julio estará no repertório de outros
escritores ausentes que sempre estarão presentes.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/viuva-de-cortazar-mario-vargas-llosa-relembram-amizade-dos-tres-8917434#ixzz2YGqvKecG
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Sonhos
"Fica
estabelecida
a possibilidade de sonhar
coisas impossíveis e
de caminhar livremente
em direção aos sonhos".
Luciano Luppi
De Bill Gates
"Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão
livros.
Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever -
inclusive a sua própria história."
quinta-feira, 4 de julho de 2013
De Alberto Manguel
"O amor pela leitura é algo que se aprende, mas não se ensina. Da mesma forma que ninguém nos pode obrigar a enamorar-nos, ninguém nos pode obrigar a amar um livro.
São coisas que ocorrem por razões misteriosas, mas estou convencido de que há um livro que espera por cada um de nós.
Em algum lugar da biblioteca há uma página que foi escrita somente para nós."
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