quarta-feira, 30 de outubro de 2013
De Bernard Shaw
"A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos."
"A virtude não passa de tentação insuficiente."
"O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo."
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
O HUMOR (MUITO PARTICULAR) DE OTTO LARA RESENDE
Positivamente, não posso ser apresentado a Satanás: como André Gide, sofro a tentação de entender as razões do adversário.
Abraço e punhalada a gente só dá em quem está perto.
Patrão de esquerda só é bom no dia do pagamento.
Leio muito à noite. Só não sou inteiramente uma besta porque sofro de insônia.
Sou autor de muitos originais e de nenhuma originalidade.
Sou jornalista, especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada.
Texto de jornal é estação de trem depois que o trem passou. Deixou de ter interesse.
Escrevemos, escrevemos, escrevemos. Clamamos no deserto. O clube do poder tem as portas lacradas e calafetadas.
Eu escrevo todos os dias, por compulsão. Mas agora, aos 70 anos, uma das perguntas que mais me intrigam é o que eu vou ser quando crescer.
A morte é noturna. À noite, todos os doentes agonizam.
A morte é, de tudo na vida, a única coisa absolutamente insubornável.
Sou leitor atento da página fúnebre. Tem mais gente conhecida do que a coluna social.
Não sou alegre. Sou triste e sofro muito. Dentro de mim há um porão cheio de ratos, baratas, aranhas, morcegos, escuro, melancolia, solidão.
O único erra humano que merece a pena de morte é o de revisão.
Deus é humorista.
Sou um sobrevivente sob os escombros de valores mortos.
Devemos a Graham Bell o fato de estarmos em qualquer lugar do mundo e alguém poder nos chatear pelo telefone.
Intelectual na política é quase sempre errado. É sempre errado. A práxis não deixa espaço para pensar; pensar é muito sutil, enrascado, complexo, multiplica as alternativas.
Política é a arte de enfiar a mão na merda. Os delicados pedem desculpas, têm dor de cabeça e se retiram.
A ação política é cruel, baseia-se numa competição animal, é preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o inimigo.
Quem me garante que Jesus Cristo não estaria hoje na estatística da mortalidade infantil?
O homem é um animal gratuito.
Para mim, domingo sem missa não é domingo.
A tocaia é a grande contribuição de Minas à cultura universal.
Há um lado pobre-diabo em mim. Os pobre-diabos logo farejam e se irmanizam, me perseguem, não me largam.
Não quero tripudiar sobre ninguém. Junto a isto um insanável sentimento de simpatia, que me domina, por todos os decaídos.
Devo ter sido o único mineiro que deixou de ser diretor de banco.
Há em mim um velho que não sou eu.
Sou exatamente o menino que aos nove anos foi declamar um verso de Antero de Quental e se perdeu.
Minas está onde sempre esteve.
Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Helio Pellegrino e Otto Lara Resende |
(raulealiteratura.blospot.com.br)
Prêmio Nobel de Literatura 2013
ALICE MUNRO
Aos 82 anos de idade, a escritora canadense Alice Anne Munro (nascida Laidlaw) se tornou, na manhã do dia 10 de outubro de 2003, a décima-terceira mulher a receber o Prêmio Nobel de Literatura. O seleto grupo das ganhadoras é composto por Selma Lagerlöf (Suécia, 1909), Grazia Deledda (Itália, 1926), Sigrid Undset (Noruega, 1928), Peal Sydenstricker Buck (EUA, 1938), Gabriela Mistral (Chile, 1945), Nelly Sachs (Suécia, 1966), Nadine Gordimer (África do Sul, 1991), Toni Morrison (EUA, 1993), Wislawa Szymborska (Polônia, 1996), Elfriede Jelinek (Áustria, 2004), Doris Lessing (Grã-Bretanha, 2007) e Herta Müller (Romênia/Alemanha, 2009).
Ao anunciar o nome de Alice Munro, a Academia Sueca chamou-a de mestre dos contos contemporâneos. Essa afirmação ratifica a opinião de Cynthia Ozick que considera Munro uma espécie de Tchekov da língua inglesa. Aliás, muitos escritores e críticos significativos se curvam ao talento da canadense. Segundo o escritor David Homel, Ela escreve sobre mulheres e para mulheres, mas não amaldiçoa os homens. O eternamente midiático Jonathan Franzen, no ensaio De Onde Vem Essa Certeza de que Você Mesmo Não é o Mal?, que está incluído na interessante coletânea Como Ficar Sozinho (Companhia das Letras, 2012) não faz economia de elogios para descrever o quanto a literatura de Munro o impressiona: A leitura de Munro me deixa num estado reflexivo no qual penso sobre a minha vida: sobre as decisões que tomei, as coisas que fiz e que não fiz, o tipo de pessoa que sou, a perspectiva da morte. Ela faz parte daquele punhado de escritores, alguns vivos, a maioria morta, que tenho em mente quando digo que a ficção é a minha religião. Porque enquanto estou imerso num conto de Munro, estou atribuindo a um personagem totalmente fictício o tipo de respeito solene e de interesse enraizado que me atribuo em meus melhores momentos como ser humano.
Munro não costuma frequentar seminários, congressos literários ou eventos promocionais. Recentemente, em entrevista ao jornal New York Times, anunciou a aposentadoria. Depois uma operação cardíaca e de um câncer, quer se dedicar à família: parece natural fazer aquilo que outras pessoas de 80 anos fazem, declarou.
Alice Munro nasceu em Wingham, província de Ontário, em 10 de julho de 1931. Casou com Michel Munro, aos 20 anos de idade, e foi morar em Vancouver. Separou-se em 1972 e voltou para Ontário. Casou com Gerald Fremlin, em 1976. As três filhas são frutos do primeiro casamento.
A carreira de escritora solidificou a partir do segundo casamento. Publicou 14 livros de contos, sendo que apenas quatro possuem tradução no Brasil: Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento (Editora Globo, 2004),Fugitiva (Cia das Letras, 2006), Felicidade Demais (Cia das Letras, 2010) e O Amor de Uma Boa Mulher (Cia das Letras, 2013). O filme Longe Dela (Away from Her. Dir. Sarah Polley, 2006) foi baseado nos contos de Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento.
Um dos momentos representativos da prosa escrita por Alice Munro está retratado no conto Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento (que integra o livro homônimo). Para se livrar de uma vida opressiva de empregada, Johanna decide mudar as regras do jogo. Iludida por cartas que acreditava terem sido escritas por um admirador, Ken Boudreau, resolve procurá-lo. Quer casar. Por isso, compra um vestido de noiva e despacha a mobília por trem. Depois de uma viagem estafante, encontra o pretendente doente. Cuida dele, limpa a casa, desfaz hábitos nocivos, impede a desordem financeira. E permite que ele se apaixone.
A prosa descritiva, pouco afeita aos efeitos modernosos dos fluxos de consciência e dos monólogos interiores, reconstrói pacientemente a intimidade doméstica. As personagens femininas são fortes, determinadas. Na busca de algum impulso vital, recusam o niilismo e o puritanismo. São contos caudalosos, média de 50 páginas os mais concisos, repletos de detalhes. O interesse do leitor se mantém por dezenas de páginas em função do domínio absoluto do enredo e dos diálogos, que acrescentam – explicita e implicitamente – dezenas de informações.
Alice Munro ganhou três vezes o Governor General’s Literary Awards (1968, 1978, 1986) e o Man Booker International Prize (2009), entre outros prêmios.
Lista dos livros de Alice Munro:
Dance of the Happy Shades, (1968)
Lives of Girls and Women (1971)
Something I’ve Been Meaning to Tell You (1974)
The Beggar Maid (antes Who Do You Think You Are?) (1978)
The Moons of Jupiter (1982).
The Progress of Love (1986)
Friend of My Youth (1990)
Open Secrets (1994)
The Love of a Good Woman (1998)
Hateship, Friendship, Courtship, Loveship, Marriage (2001)
Runaway (2004)
The View from Castle Rock (2006)
Too much happiness (2009)
Dear Life (2012)
(raulealiteratura.blogspot.com.br)
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