Pedem-me notícias de mim.
Eu as dou assim:
em versos.
Há tempos não permitia que pedras
rolassem com o limo macio
das palavras.
Eu usava arpões
para não fisgar as minhas fragilidades.
Mas, porque me pedem notícias de mim,
eu as dou assim:
em versos.
Uso a máscara dos antigos bailes
e danço ao som de um clarinete
que sempre imaginei ser do avô.
(O avô - ah, os equívocos da infância! -,
o avô tocava bumbo.)
Porque me pedem notícias de mim,
confidencio afetos em palavras que os contradizem,
em excesso de murmúrios,
já que as tardes concretas silenciaram os meus antigos
(des)amores.
Pedem-me notícias de mim.
Eu as dou assim:
em versos
que me desmentem.
(Ávidas paixões, áridos amores - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Enviado por Rita Mendonça
Quase trezentas visitas, em apenas uma semana e sem divulgação...
Este blog está prometendo!Também serei seguidora assídua!
Este blog está prometendo!Também serei seguidora assídua!
Enviado por Ulisses Praxedes
Muito bom!
Um espaço para discussões e apreciações da poesia da vida!
Parabéns pela iniciativa, ganhou um leitor assíduo!
Ulisses.
Um espaço para discussões e apreciações da poesia da vida!
Parabéns pela iniciativa, ganhou um leitor assíduo!
Ulisses.
Poema nº 11 - Arriete Vilela
Não quero mais
que o mergulho no mar,
a cara virada para o sol,
o esquecimento:
alma boiando à deriva,
como se fora tábua
despregada do casco
de algum velho barco.
(A Rede do Anjo - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
que o mergulho no mar,
a cara virada para o sol,
o esquecimento:
alma boiando à deriva,
como se fora tábua
despregada do casco
de algum velho barco.
(A Rede do Anjo - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
domingo, 30 de janeiro de 2011
A arte de ler
"Um bom poema pode ser estudado, relido e meditado vezes sem conta pelo resto da vida. Você jamais cessará de encontrar coisas novas nele, novos prazeres e encantos, e também novas ideias a respeito de você mesmo e do mundo."
Mortimer J. Adler e Charles V. Doren
Mortimer J. Adler e Charles V. Doren
Do poeta Murilo Mendes
"A poesia não pode nem deve ser um luxo para alguns iniciados: é o pão cotidiano de todos, uma aventura simples e grandiosa do espírito."
SOS Filme
Alguém já assistiu ao filme ONDE FICA A CASA DO MEU AMIGO?, de Abbas Kiarostami?
arrietevilela@gmail.com
arrietevilela@gmail.com
De Manoel de Barros (enviado por Rose Porto)
"Quem anda na linha é trem de ferro; sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito."
sábado, 29 de janeiro de 2011
Fragmento de Clarice Lispector
"O que eu te falo nunca é o que eu te falo, e sim outra coisa. Capta essa coisa que me escapa, e no entanto vivo dela (...)".
Poeminho do contra - Mário Quintana
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
O bicho - Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(1947)
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(1947)
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Se eu fosse um padre - Mário Quintana
"Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma...
e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!"
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!
Porque a poesia purifica a alma...
e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!"
Mil perdões - Chico Buarque
"Te perdoo
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdoo
Por pedires perdão
Por me amares demais
Te perdoo
Te perdoo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdoo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
Te perdoo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdoo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)
Te perdoo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdoo
Te perdoo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdoo
Por te trair"
Por fazeres mil perguntas
Que em vidas que andam juntas
Ninguém faz
Te perdoo
Por pedires perdão
Por me amares demais
Te perdoo
Te perdoo por ligares
Pra todos os lugares
De onde eu vim
Te perdoo
Por ergueres a mão
Por bateres em mim
Te perdoo
Quando anseio pelo instante de sair
E rodar exuberante
E me perder de ti
Te perdoo
Por quereres me ver
Aprendendo a mentir (te mentir, te mentir)
Te perdoo
Por contares minhas horas
Nas minhas demoras por aí
Te perdoo
Te perdoo porque choras
Quando eu choro de rir
Te perdoo
Por te trair"
Novos Rumos - Paulinho da Viola
"Vou imprimir novos rumos
Ao barco agitado que foi minha vida
Fiz minhas velas ao mar
Disse adeus sem chorar
E estou de partida
Todos os anos vividos
São portos perdidos que eu deixo pra trás
Quero viver diferente
Que a sorte da gente
É a gente que faz
Quando a vida nos cansa
E se perde a esperança
O melhor é partir
Ir procurar outros mares
Onde outros olhares nos façam sorrir
Levo no meu coração
Esta triste lição que contigo aprendi
Tu me ensinaste em verdade
Que a felicidade está longe de ti"
Ao barco agitado que foi minha vida
Fiz minhas velas ao mar
Disse adeus sem chorar
E estou de partida
Todos os anos vividos
São portos perdidos que eu deixo pra trás
Quero viver diferente
Que a sorte da gente
É a gente que faz
Quando a vida nos cansa
E se perde a esperança
O melhor é partir
Ir procurar outros mares
Onde outros olhares nos façam sorrir
Levo no meu coração
Esta triste lição que contigo aprendi
Tu me ensinaste em verdade
Que a felicidade está longe de ti"
Poema 5 - Arriete Vilela
É bom
ter o coração apaziguado:
outra vez na ponta
do arco,
torna-se flecha
ultrapassando-se
no próprio
voo.
(Frêmitos - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
ter o coração apaziguado:
outra vez na ponta
do arco,
torna-se flecha
ultrapassando-se
no próprio
voo.
(Frêmitos - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
RELÓGIO --- Cassiano Ricardo
Diante de coisa tão doída,
conservemo-nos serenos.
Cada minuto de vida
nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
do não ser, e não do ser.
Desde o instante em que se nasce,
já se começa a morrer.
conservemo-nos serenos.
Cada minuto de vida
nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
do não ser, e não do ser.
Desde o instante em que se nasce,
já se começa a morrer.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Poema 42 - Arriete Vilela
Pensas encontrar-me aqui
nestes versos?
Enganas-te.
Os pássaros da poesia semeiam
miolos de pedra
a cada linha, para que tropeces nas entrelinhas.
E se buscas pistas de alguém
aqui, nestes versos,
desiste - ou não sairás do labirinto,
e os minotauros pisotearão a tua cabeça
- cruamente, sem simbolismos.
Pensas encontrar-me aqui
nestes versos?
Não te iludas.
Teu voyeurismo te deixará para sempre
no encalhe da maré,
pois fechadas a ti estão as entradas do rochedo:
ele, vigiado pelas borboletas
elas, tecidas por Aracne.
(In: Obra Poética Reunida)
nestes versos?
Enganas-te.
Os pássaros da poesia semeiam
miolos de pedra
a cada linha, para que tropeces nas entrelinhas.
E se buscas pistas de alguém
aqui, nestes versos,
desiste - ou não sairás do labirinto,
e os minotauros pisotearão a tua cabeça
- cruamente, sem simbolismos.
Pensas encontrar-me aqui
nestes versos?
Não te iludas.
Teu voyeurismo te deixará para sempre
no encalhe da maré,
pois fechadas a ti estão as entradas do rochedo:
ele, vigiado pelas borboletas
elas, tecidas por Aracne.
(In: Obra Poética Reunida)
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
A Arte de Ser Feliz
Cecília Meireles
“Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.”
“Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde, e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros, e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar. Às vezes um galo canta. Às vezes um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz.
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.”
domingo, 23 de janeiro de 2011
Livro de Arriete Vilela recebe o prêmio Maria Helena Cardoso, da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro
O livro GRANDE BAÚ, A INFÂNCIA (4ª edição), da alagoana Arriete Vilela, recebeu o Prêmio Maria Helena Cardoso (memorialista, irmã do escritor Lúcio Cardoso), conferido pela UBE/RJ (União Brasileira de Escritores/RJ).
A comissão julgadora foi formada pelos escritores Luiz Gondim, Stella Leonardos e Margarida Finkel.
A solenidade de premiação do Concurso Internacional de Literatura UBE-RJ 2010 ocorreu no dia 22 de outubro, na Academia Brasileira de Letras.
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