segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Poema 13 - Arriete Vilela

Pedem-me notícias de mim.
Eu as dou assim:
em versos.

Há tempos não permitia que pedras
rolassem com o limo macio
das palavras.
Eu usava arpões
para não fisgar as minhas fragilidades.

Mas, porque me pedem notícias de mim,
eu as dou assim:
em versos.

Uso a máscara dos antigos bailes
e danço ao som de um clarinete
que sempre imaginei ser do avô.

(O avô - ah, os equívocos da infância! -,
o avô tocava bumbo.)

Porque me pedem notícias de mim,
confidencio afetos em palavras que os contradizem,
em excesso de murmúrios,
já que as tardes concretas silenciaram os meus antigos
(des)amores.

Pedem-me notícias de mim.
Eu as dou assim:
em versos
que me desmentem.

(Ávidas paixões, áridos amores - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)

2 comentários: