quinta-feira, 30 de junho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
O que é ser jovem até o fim -- de Betty Milan

O que significa envelhecer? Ouso perguntar o significado do verbo, que a modernidade ocidental baniria da língua se pudesse. No primeiro sentido do dicionário, envelhecer é tornar-se velho. Leio e releio a frase, que me remete a um amigo de infância, Francisco, precocemente envelhecido. Continuo, no entanto sem resposta.
Volto ao dicionário. No segundo sentido, envelhecer é tomar aspecto de velho. Olho a foto do psicanalista francês Jacques Lacan que está na parede e observo seus cabelos brancos. Só que ele não se mostra envelhecido pelas suas cãs. A intensidade do seu olhar evidencia a juventude do homem – que permanecia jovem aos 74 anos, quando o conheci. Só bem depois ele perdeu o aspecto jovial.
Nos outros sentidos fornecidos pelo dicionário, também não encontro uma resposta satisfatória. No caso dos seres humanos, não se pode dizer que envelhecer é perder o viço. O homem não é um fruto. Tampouco não é um objeto.
A busca de uma definição precisa, por meio de língua, se revelou estéril. Olho de novo para a foto de Lacan e concluo que o envelhecimento físico, por si só, não é suficiente para caracterizar um velho. Eu me pergunto, então, por que ao contrário de Lacan, meu amigo Francisco envelheceu aos 60.
Citando – e comparando-se a – Pablo Picasso, o pintor espanhol, Lacan dizia que não procurava as suas ideias, simplesmente as achava. Um dia, declarou em um dos seus seminários: “Eu agora procuro e não acho”. Com essa frase, anunciou que a sua vida se apagava. Pouco depois, tomei o avião de volta para o Brasil. Naquele período, a única razão para eu ficar no França era a oportunidade de trabalhar com ele.
A juventude de Lacan, como a de Picasso, estava ligada à capacidade de se renovar através do trabalho. Duas vezes por mês, ele falava em público, para plateia de 1 000 pessoas, com ideias novas, uma atividade que demandava grande esforço. Mais de uma vez, encontrei-o exausto, em seu consultório.
Lacan foi um exemplo por nunca ter parado de começar. Embora fosse um intelectual, meu amigo Francisco acreditou que, a partir dos 60 anos, já não podia iniciar nada e, por esse motivo, não parou de se repetir. Não quis, inclusive, abrir mão de nenhum hábito da juventude.Continuava a comer, beber e fumar como aos 18. Lamentava o tempo que passava, porém não aceitava o fato traduzido nas mudanças do corpo e, assim, recusava-se a encontrar soluções para sua própria vida. Só sabia dizer: “Na minha idade é assim”. Foi vítima de uma fantasia arcaica sobre o tempo e viveu na contramão. Fazendo de conta que o tempo não existia. Morreu precocemente por não ter sido capaz de entender que, depois de deixar de ser natural, a juventude é uma conquista.
Volto ao dicionário. No segundo sentido, envelhecer é tomar aspecto de velho. Olho a foto do psicanalista francês Jacques Lacan que está na parede e observo seus cabelos brancos. Só que ele não se mostra envelhecido pelas suas cãs. A intensidade do seu olhar evidencia a juventude do homem – que permanecia jovem aos 74 anos, quando o conheci. Só bem depois ele perdeu o aspecto jovial.
Nos outros sentidos fornecidos pelo dicionário, também não encontro uma resposta satisfatória. No caso dos seres humanos, não se pode dizer que envelhecer é perder o viço. O homem não é um fruto. Tampouco não é um objeto.
A busca de uma definição precisa, por meio de língua, se revelou estéril. Olho de novo para a foto de Lacan e concluo que o envelhecimento físico, por si só, não é suficiente para caracterizar um velho. Eu me pergunto, então, por que ao contrário de Lacan, meu amigo Francisco envelheceu aos 60.
Citando – e comparando-se a – Pablo Picasso, o pintor espanhol, Lacan dizia que não procurava as suas ideias, simplesmente as achava. Um dia, declarou em um dos seus seminários: “Eu agora procuro e não acho”. Com essa frase, anunciou que a sua vida se apagava. Pouco depois, tomei o avião de volta para o Brasil. Naquele período, a única razão para eu ficar no França era a oportunidade de trabalhar com ele.
A juventude de Lacan, como a de Picasso, estava ligada à capacidade de se renovar através do trabalho. Duas vezes por mês, ele falava em público, para plateia de 1 000 pessoas, com ideias novas, uma atividade que demandava grande esforço. Mais de uma vez, encontrei-o exausto, em seu consultório.
Lacan foi um exemplo por nunca ter parado de começar. Embora fosse um intelectual, meu amigo Francisco acreditou que, a partir dos 60 anos, já não podia iniciar nada e, por esse motivo, não parou de se repetir. Não quis, inclusive, abrir mão de nenhum hábito da juventude.Continuava a comer, beber e fumar como aos 18. Lamentava o tempo que passava, porém não aceitava o fato traduzido nas mudanças do corpo e, assim, recusava-se a encontrar soluções para sua própria vida. Só sabia dizer: “Na minha idade é assim”. Foi vítima de uma fantasia arcaica sobre o tempo e viveu na contramão. Fazendo de conta que o tempo não existia. Morreu precocemente por não ter sido capaz de entender que, depois de deixar de ser natural, a juventude é uma conquista.
Betty Milan é psicanalista e escritora.
terça-feira, 28 de junho de 2011
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Profundamente -- Manuel Bandeira

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.
***
Quando eu tinha seis anos
***
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
Texto extraído do livro "Antologia Poética - Manuel Bandeira", Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 2001, pág. 81.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
As cinzas do escritor José Saramago.

Os restos do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, falecido na ilha espanhola de Lanzarote aos 87 anos, descansarão em frente à "Casa dos Bicos", sede da Fundação José Saramago, que abrirá suas portas em novembro, na praça Campo das Cebolas, às margens do rio Tejo.
Na presença de sua viúva e tradutora, a espanhola Pilar del Río, numerosas personalidades do mundo da cultura e da política, assim como admiradores, participaram da cerimônia concluída com homenagens ao autor de "O Evangelho segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a cegueira", entre outros livros.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
Dica de leitura

“Haroun e o Mar de Histórias se mostrou um livro delicioso de ler e totalmente verdadeiro na sua fantasia. Ele cumpre a missão de divertir, mas também ensina coisas simples, como respeitar a imaginação e exercitá-la para tornar o mundo um lugar um pouco mais colorido e interessante. (...) É preciso ler para sentir realmente que influência ele tem sobre você ao contar histórias e criar fantasias.”
Taize Odelli
Filme A HISTÓRIA SEM FIM I
Diálogo entre o menino Atreyu e o lobisomem Gmork:
Atreyu: Não vou morrer facilmente. Sou um guerreiro.
Gmork: Guerreiro corajoso... Então combata o Nada.
Atreyu: Mas não consigo! Não consigo ultrapassar os limites de Fantasia!
(Risos do monstro Gmork)
Atreyu: Qual é a graça?
Gmork: Fantasia não tem limites.
Atreyu: Não é verdade! Você está mentindo!
Atreyu: Não vou morrer facilmente. Sou um guerreiro.
Gmork: Guerreiro corajoso... Então combata o Nada.
Atreyu: Mas não consigo! Não consigo ultrapassar os limites de Fantasia!
(Risos do monstro Gmork)
Atreyu: Qual é a graça?
Gmork: Fantasia não tem limites.
Atreyu: Não é verdade! Você está mentindo!
Gmork: Garoto bobo, você não sabe nada sobre Fantasia? É o mundo da fantasia humana. Fantasia é um pedaço dos sonhos e das esperanças da humanidade. Portanto, não tem limites.
Atreyu: Por que Fantasia está morrendo?
Gmork: Porque as pessoas começaram a perder as esperanças e esquecer os sonhos. Assim, o Nada se fortalece.
Atreyu: O que é o Nada?
Gmork: É o vazio que resta. É como um desespero que destrói esse mundo.
Atreyu: Mas por quê?
Gmork: Porque as pessoas sem esperança são fáceis de controlar, e quem tem o controle tem o poder.
domingo, 19 de junho de 2011
Dica de livro / filme
sábado, 18 de junho de 2011
Leilão de jardim -- Cecília Meireles
Quem me compra um jardim
com flores?
Borboletas de muitas
cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis
nos ninhos?
Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio
de sol?
Um lagarto entre o muro
e a hera,
uma estátua da Primavera?
Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é o meu leilão!)
Foto: Arriete Vilela
Será a felicidade necessária? -- Roberto Pompeu de Toledo
"Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas felicidade é pesada. Diante da pergunta "Você é feliz?", dois fardos são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que pode ir da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em busca de uma resposta. Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha ganhado um aumento no emprego no dia anterior, o mundo parecerá belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio e perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo aumento de salário, e se há algo imprescindível, na difícil conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma resposta consequente exige colocar na balança a experiência passada, o estado presente e a expectativa futura. Dá trabalho, e a conclusão pode não ser clara."
Foto: Arriete Vilela
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Uma vida tecida de palavras -- Neide Medeiros

Tece, tece,tece, tece, / Bem tecida essa canção / Um a um, fio por fio, / Como faz o tecelão / Que fabrica o seu tecido / De cambraia de algodão. (Marcus Accioly. "Poemeto do Tecelão ou A Canção Tecida")
A trajetória literária de Arriete Vilela começou muito cedo, não importa a data da publicação do seu primeiro livro. No texto de teor autobiográfico, "Alma rendilhada, alma enrodilhada" (1), vamos encontrar a menina de olhar buliçoso a observar a avó fazendo rendas na almofada de bilros e, diante da fascinação do movimento ligeiro e preciso das mãos da avó, a “menina miúda” faz uma revelação: “Avó, quando eu crescer, também quero fazer renda, mas não é de linha, não, é de papel.” (2) E esse tem sido o trilhar da poeta, cronista, contista, ensaísta e romancista Arriete Vilela – tecer rendas de papel.
A leitura dos poemas, contos, crônicas, memórias e romance de Arriete Vilela revela-nos uma escritora preocupada com a arte da palavra, com a tessitura do fazer poético. Se há recorrência temática, essa recorrência vem sempre revestida de uma roupagem nova, o bordado nunca é o mesmo, a palavra tecida adquire nuances diferentes. Arriete gosta de reescrever seus textos, e elementos intratextuais se apresentam de forma reiterada.
Edilma Bomfim (3), no livro A escritura do desejo, dissertação de mestrado sobre Fantasia e avesso, afirma que: “O recurso do fio da meada faz que o texto de Arriete seja tecido de tal forma que cada novo texto é a paráfrase do primeiro, ou melhor dizendo: Fantasia e avesso é um intertexto do próprio texto, que se revela na intratextualidade do discurso.”
Sônia van Dijck, no ensaio "Arriete e o mergulho na palavra" (4), destaca que a produção espaçada de Arriete se deve à necessidade de tempo para amadurecer o texto, e complementa: "Quando um livro seu é entregue ao público, lá estão as palavras exatas, prenhes de polissemia."
O professor e crítico literário Roberto Sarmento (5) faz uma observação sobre Fantasia e avesso que pode ser aplicada a outros livros de Arriete. Diz o crítico: "O grande herói do texto de Arriete, que parece ser o amor, é, na verdade, a palavra. A fantasia e o seu avesso entregam-se, em todas as páginas, a uma luta de vaivéns, avanços e recuos. Todo o texto é a discussão acerca da palavra poética: pretextando falar do amor, o texto fala de si mesmo." (p.31. grifos do autor)
Feitas essas considerações preliminares, caminhemos ao encontro do mais recente livro da autora – Ávidas paixões, áridos amores (6). Comecemos pela capa – fotografia de um mar sereno; galhos secos retorcidos que aparecem em primeiro plano e flores de vermelho intenso contrastando com o verde-azul do mar. Esse contraste das cores condiz com o título do livro. “Ávidas paixões” se associam a um desejo intenso, ardoroso, inflamado; “Áridos amores” remetem à dureza, algo seco, frio.
O livro, como um todo, compõe-se de 40 poemas não nominados, apenas numerados; os poemas 35, 36, 37 e 38 foram pinçados do livro Vadios afetos. 36 poemas vêm antecedidos por epígrafes, e uma epígrafe de Machado de Assis antecede a apresentação dos poemas. Machado de Assis, profundo conhecedor da alma humana, filosofa, com certo pessimismo, na epígrafe escolhida para abertura do livro: "Alguma coisa escapa ao naufrágio das ilusões". No que se refere à escolha das epígrafes, sentimos que foi um trabalho de garimpagem, a escolha acertada para cada poema. Uma breve amostragem dessas escolhas comprova o que afirmamos.
O poema 25 traz uma epígrafe de Baudelaire: "O tempo é o obscuro inimigo que nos corrói o coração", e o primeiro verso do poema ratifica a epígrafe: “O tempo des/const/rói a vida”, e a 5ª. estrofe, formada apenas por um verso, é uma repetição compartilhada da desconstrução: “O tempo nos tem des/const/ruído”.
O poema 38, publicado anteriormente em Vadios afetos, vem acompanhado de uma epígrafe de Mário Quintana: "Amar é mudar a alma de casa." Essa epígrafe se contextualiza, de forma mais evidente, na última estrofe: “E como não recomeçar o jogo / se, à maneira de Quintana, / é o amor que muda a minha alma de casa?”
Há muita coisa ainda para dizer, mas isso exige um estudo centrado apenas nas epígrafes e há poemas que precisam ser descobertos, palavras que merecem ser contempladas mais de perto.
No universo poético de Ávidas paixões, áridos amores, o "Poema 17", que vamos transcrever na íntegra, talvez seja o mais representativo do trabalho artesanal de Arriete Vilela com a palavra:
Poema 17
Não enxerguem um símbolo onde nenhum foi pretendido. Samuel Beckett
“Não me interessa / o lado direito do bordado / da minha escrita. // Prefiro emaranhar-me aos fiapos / do avesso que sou – em que o tecer, / pelos repetidos caprichos, / deixa de ser revelador. // Não me interessam os registros, / à esquerda do bordado, / que parecem contar a história / que os outros pensam ser a minha / - e que não é - . // Prefiro pelejar-me nos esgarçamentos / das pontas que não foram devidamente / arrematadas e em que ressoam / vozes femininas, / como se bisavó e avó, / mãe e tia pudessem, enfim, reconhecer / que se desperdiçaram em amores abrasadores / e tirânicos. // Aliás, sinto-me cansada da herança dessas mulheres / cujo bordado da própria vida deixou à mostra / cores desesperadas, ciúmes desnecessários / e afetos enrodilhados. // Por isso permaneço quieta / nas flores azuis do linho: /só o que me interessa / é a interioridade / do bordado.”
A epígrafe de Samuel Beckett é retomada em forma de versos na 3ª. estrofe do poema, quando o eu-lírico assim se expressa:“Não me interessam os registros, / à esquerda do bordado, / que parecem contar a história / que os outros pensam ser a minha / - e que não é -.”Muitas vezes o leitor quer atribuir certos registros como símbolos de uma vida, mas as palavras camuflam sentimentos, dores, afetos e amores. Tudo é e não é, como bem disse Guimarães Rosa. O direito do bordado, na sua aparência, é o lado revelador da verdade, por isso o eu-lírico prefere emaranhar-se nos fiapos do avesso, nas pontas que não foram devidamente arrematadas e permanecer oculta na interioridade do bordado.
No início do nosso texto, falamos sobre a presença da intratextualidade nos poemas, contos e crônicas de Arriete Vilela. O "Poema 17" contém muitos elementos intratextuais. “Avesso”, “bordado”, “fiapos”, “tecer”, “afetos” são vocábulos reiterados em seus inúmeros livros. Arriete é uma tecelã que sabe, como nos versos de Marcus Accioly, tecer bem tecida uma canção. Na sua fábrica, ela produz tecidos de cambraia de algodão e borda as palavras em folhas de papel que são lançadas ao vento. Felizes são aqueles que conseguem apanhar algumas dessas folhas.
* Neide Medeiros é ensaísta e crítica literária.
NOTAS E REFERÊNCIAS1. O texto "Alma enrodilhada, alma rendilhada" se encontra no livro Artesanias da palavra. Arriete Vilela et al. Maceió: Grafmarques, 2001, p. 21-22. Esse mesmo texto foi transcrito no livro Memórias rendilhadas: vozes femininas. Neide Medeiros e Yolanda Limeira (orgs.) João Pessoa: UFPB/ Ed. Universitária, 2006. p. 13-14.2. Essa citação está presente no texto "Alma enrodilhada, alma rendilhada", op.cit. 3. A dissertação de mestrado de Edilma Bomfim versou sobre o livro de Arriete Vilela Fantasia e avesso com o título A escritura do desejo. Cf: BOMFIM , Edilma Acioli. Maceió: EDUFAL, 2001, p. 56.4. DIJCK, Sônia van. Arriete e o mergulho na palavra. http://www.soniavandijck.com/arriete.htm. Este texto também foi publicado em Fabulação. Um novo tempo, João Pessoa, ano I, n.5, set.2003, p.12-14 e em O Jornal, Maceió, 12 out. 2003. 5. LIMA, Roberto Sarmento. Da palavra amor ao amor da palavra. In: Leitura. Revista do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal de Alagoas, Maceió, n. 4, p. 9, jul.-dez. 1988.6. VILELA, Arriete. Ávidas paixões, áridos amores. Maceió: Grafmarques, 2007.
Traduzir-se -- Ferreira Gullar

é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
O que é viver bem -- Cora Coralina

“Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo pra você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.
Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou? (...)
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.”
Cora Coralina morreu em 1985, aos 95 de idade; cuidou do seu interior e tinha todas as linhas da vida no rosto - e que vida !
Enviado pela escritora Terezinha Fialho (João Pessoa)
terça-feira, 14 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Carpe diem

"Tradicionalmente traduzida como 'aproveite o dia', a frase é apenas um trecho de um ditado maior: 'carpe diem , quam minimum credula postero', ou seja, em uma tradução livre: 'aproveite o dia, acreditando no futuro o mínimo que puder'. Foi o poeta Horácio que consagrou a expressão. Muitos autores, depois, a usaram em latim. Lord Byron foi o primeiro a usá-la integrada ao inglês, ajudando a popularizá-la. Lord Byron sabia latim fluentemente e era um grande admirador de Horácio."
(Leo Ricino - in: Revista Conhecimento Prático Literatura)
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Poema 48 - Arriete Vilela

O Amor, a olho desarmado,
espia pelas brechas estreitíssimas
do silêncio
e faz uma varrição rápida e minuciosa.
É experiente o Amor.
Então vê,
no centro do próprio olho,
um corpo retalhado por carências.
Compadece-se.
O Amor, a olho desarmado
- e só assim -,
inunda aquele corpo
com uma claridade dourada,
dá-lhe sobrevida
e contempla-se a si próprio:
sabe-se tenaz forjador de corações
de vidro.
(Palavras em travessia - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
Foto: Arriete Vilela
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Novo imortal da Academia Brasileira de Letras

O jornalista recebeu 25 dos 39 votos possíveis e superou o escritor Antônio Torres, que teve 13 votos. Votaram por carta 26 acadêmicos e, na sessão,12. Houve uma abstenção.
"Considero uma honraria participar da Academia Brasileira de Letras, a instituição cultural mais importante do país" – disse o novo imortal da ABL.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Poema 26 -- de Arriete Vilela
Prestigiando a arte alagoana
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