O Amor, a olho desarmado,
espia pelas brechas estreitíssimas
do silêncio
e faz uma varrição rápida e minuciosa.
É experiente o Amor.
Então vê,
no centro do próprio olho,
um corpo retalhado por carências.
Compadece-se.
O Amor, a olho desarmado
- e só assim -,
inunda aquele corpo
com uma claridade dourada,
dá-lhe sobrevida
e contempla-se a si próprio:
sabe-se tenaz forjador de corações
de vidro.
(Palavras em travessia - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)
Foto: Arriete Vilela
Nenhum comentário:
Postar um comentário