quarta-feira, 8 de junho de 2011

Poema 48 - Arriete Vilela



O Amor, a olho desarmado,

espia pelas brechas estreitíssimas

do silêncio

e faz uma varrição rápida e minuciosa.


É experiente o Amor.


Então vê,

no centro do próprio olho,

um corpo retalhado por carências.


Compadece-se.


O Amor, a olho desarmado

- e só assim -,

inunda aquele corpo

com uma claridade dourada,

dá-lhe sobrevida

e contempla-se a si próprio:


sabe-se tenaz forjador de corações

de vidro.


(Palavras em travessia - In: OBRA POÉTICA REUNIDA)


Foto: Arriete Vilela

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