O SEGREDO DOS SEUS OLHOS
domingo, 31 de julho de 2011
A crítica literária acadêmica, hoje
"Hoje, a crítica literária acadêmica é uma atividade extremamente segura. Os rapazes fazem tese sobre Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego, Clarice Lispector. Agora, a pessoa pegar o livro [de um autor contemporâneo] e dizer 'este é bom, este é ruim', isso acabou."
Antonio Candido
"Quem está trabalhando na universidade percebe que há uma tendência cada vez maior de atenção ao contemporâneo."
Paulo Henriques Britto
(Folha de São Paulo)
Antonio Candido
"Quem está trabalhando na universidade percebe que há uma tendência cada vez maior de atenção ao contemporâneo."
Paulo Henriques Britto
(Folha de São Paulo)
sexta-feira, 29 de julho de 2011
De João Cabral de Melo Neto
"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."
(Morte e Vida Severina)
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."
(Morte e Vida Severina)
quinta-feira, 28 de julho de 2011
De Mário Quintana
Poema 10 - Arriete Vilela
A Alegria:
empenho para que a luz
- feita de partículas -
inunde as vigilâncias
da Palavra
e, em suas frestas , revele
os versos menos febris,
os arredios,
os reiterativamente arruinados
e reerguidos.
(A Palavra sem Âncora - in: OBRA POÉTICA REUNIDA)
empenho para que a luz
- feita de partículas -
inunde as vigilâncias
da Palavra
e, em suas frestas , revele
os versos menos febris,
os arredios,
os reiterativamente arruinados
e reerguidos.
(A Palavra sem Âncora - in: OBRA POÉTICA REUNIDA)
De Albert Einstein
De Leyla Perrone-Moisés
"(...)
Foi somente a partir do romantismo que ela (a literatura) passou a ter o sentido que, em parte, tem ainda hoje: textos escritos numa linguagem particular, que interrogam e desvendam o homem e o mundo de maneira aprofundada, complexa, surpreendente. Atualmente, a imensa maioria dos livros mais lidos no mundo não corresponde a essa definição. Vejam-se as listas dos mais vendidos."
("O longo adeus à literatura" - Folha de São Paulo)
Foi somente a partir do romantismo que ela (a literatura) passou a ter o sentido que, em parte, tem ainda hoje: textos escritos numa linguagem particular, que interrogam e desvendam o homem e o mundo de maneira aprofundada, complexa, surpreendente. Atualmente, a imensa maioria dos livros mais lidos no mundo não corresponde a essa definição. Vejam-se as listas dos mais vendidos."
("O longo adeus à literatura" - Folha de São Paulo)
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Publicado no twitter - @Clarissa Veiga
domingo, 24 de julho de 2011
Enviado por Nuno Hipólito: "Uma petição pela arca de Fernando Pessoa"
Obrigado pela divulgação, Arriete.
O site é: www.findthetrunk.com.
Obrigado pelas vossas assinaturas!
O site é: www.findthetrunk.com.
Obrigado pelas vossas assinaturas!
Carta ao Tom - Vinícius de Moraes
(...)
Lembra que tempo feliz,
ai que saudade,
(...)
era como se o amor doesse em paz.
Mesmo a tristeza da gente era mais bela,
e além disso se via da janela
um cantinho de céu e o Redentor.
É, meu amigo, só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza,
é preciso inventar de novo o amor.
(...)
Lembra que tempo feliz,
ai que saudade,
(...)
era como se o amor doesse em paz.
Mesmo a tristeza da gente era mais bela,
e além disso se via da janela
um cantinho de céu e o Redentor.
É, meu amigo, só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza,
é preciso inventar de novo o amor.
(...)
Uma petição pela arca de Fernando Pessoa
Até agora, 161 pessoas assinaram a petição on-line –-petição on-line está na moda!-- criada este mês para encontrar a arca que pertenceu a Fernando Pessoa.
Não é que tenha desaparecido. O móvel, que mede 103 x 49 x 50 cm, foi vendido a um colecionador num leilão em Lisboa em 2008. Desde então não se tem mais notícia. Pode até já ter outro dono.
Os organizadores do movimento "Find the trunk" querem reunir muito mais que 161 assinaturas. O objetivo é alcançar 100 mil, para tentar convencer o governo português a descobrir o paradeiro do móvel e colocá-lo em exposição.
Não se trata de uma arca qualquer, como argumentam: nela, o poeta guardava zelosamente as cerca de 25 mil páginas com poesia, cartas e ensaios que hoje pertencem à fundação que tem seu nome.
Não é que tenha desaparecido. O móvel, que mede 103 x 49 x 50 cm, foi vendido a um colecionador num leilão em Lisboa em 2008. Desde então não se tem mais notícia. Pode até já ter outro dono.
Os organizadores do movimento "Find the trunk" querem reunir muito mais que 161 assinaturas. O objetivo é alcançar 100 mil, para tentar convencer o governo português a descobrir o paradeiro do móvel e colocá-lo em exposição.
Não se trata de uma arca qualquer, como argumentam: nela, o poeta guardava zelosamente as cerca de 25 mil páginas com poesia, cartas e ensaios que hoje pertencem à fundação que tem seu nome.
(Josélia Aguiar - Folha de São Paulo)
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Poema 67 - Arriete Vilela
Poema 67
Desaprendo-me
para que nenhum tormento
abra feridas nos meus olhos,
nenhum remorso corroa o cipó
que me ata à vida
e nenhum horror visite as minhas
andanças ao sol nascente.
Desaprendo-me
para que a minha alma possa
resultar-se em paz.
(In: O ócio dos anjos ignorados)
Desaprendo-me
para que nenhum tormento
abra feridas nos meus olhos,
nenhum remorso corroa o cipó
que me ata à vida
e nenhum horror visite as minhas
andanças ao sol nascente.
Desaprendo-me
para que a minha alma possa
resultar-se em paz.
(In: O ócio dos anjos ignorados)
Poema 1 - Arriete Vilela
Poema 1
Quantos adeuses devo dizer-te?
Não sei.
Mas te deixo um presente:
os textos fundadores
(ou fraudadores?)
de mim e de ti.
Talvez queiras mudar-lhes
as entrelinhas...
(In: Frêmitos)
Quantos adeuses devo dizer-te?
Não sei.
Mas te deixo um presente:
os textos fundadores
(ou fraudadores?)
de mim e de ti.
Talvez queiras mudar-lhes
as entrelinhas...
(In: Frêmitos)
Ler na infância
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Todo o sentimento - Chico Buarque
domingo, 17 de julho de 2011
Boa nova!
Sobre Oswald de Andrade
De Ferreira Gullar
"É certo que sempre tive simpatia pelos irreverentes, talvez porque da irreverência resulte uma ruptura com a mesmice."
quarta-feira, 13 de julho de 2011
De Ana Jácomo
"Plenitude não é extensão nem permanência; é quando a vida cabe no instante presente, sem aperto, e a gente desfruta o conforto de não sentir falta de nada."
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Carlos Drummond de Andrade: homenageado FLIP 2012
O mineiro Carlos Drummond de Andrade será o homenageado da décima edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em 2012. O anúncio foi feito neste domingo (10 de julho) pela organização do evento, que pela primeira vez antecipou o nome do homenageado e os planos de lançamento de um livro comemorativo dos dez anos da festa, reunindo imagens desde a primeira edição, em 2003.
(Cláudia Andrade - Portal Terra)
Flip 2011
A nona edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, reuniu cerca de 25 mil pessoas, segundo a organização, ao longo dos cinco dias de evento que homenageou o modernista Oswald de Andrade. Mais de 40 mil ingressos foram vendidos para as mesas de debates, que renderam momentos marcantes para a plateia. Outros fatos de destaque ocorreram nos bastidores do evento. Em tempo: o homenageado da décima edição, em 2012, será Carlos Drummond de Andrade.
A musa A argentina Pola Oloixarac chegou a Paraty badalada e com status de musa do evento. Aos 33 anos, formada em filosofia, antenada nas redes sociais, amante de orquídeas e com um único livro publicado, Teorias Selvagens, ela esbanjou simpatia na coletiva em que falou sobre vários assuntos, incluindo futebol e até mesmo a polêmica da ausência de Antonio Tabucchi, que cancelou sua participação no evento em protesto contra a decisão do STF de negar a extradição de Cesare Battisti. No debate, no entanto, teve problemas ao se expressar e acabou ofuscada pelo angolano radicado em Portugal valter hugo mãe, que comoveu a plateia...
O choro O autor de Máquina de Fazer Espanhóis, valter hugo mãe (que escreve o nome assim mesmo, com minúsculas), encerrou sua fala na mesa de debates da Flip lendo uma carta em que relatava sua relação com o Brasil. Falou dos vizinhos brasileiros que teve em Portugal, os primeiros que viu "fora das novelas", a amizade com as amigas brasileiras de suas irmãs, que lhe davam status com as meninas de sua idade, e o gosto pela banda Legião Urbana. Ao final da leitura, foi às lágrimas. Terminou aplaudido de pé. valter hugo e Pola participaram da peça que encerrou a Flip...
Nus O diretor José Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina, encenou sua versão do manifesto antropófago de Oswald de Andrade, escritor homenageado pela Flip este ano, no encerramento da festa. Com atores nus como índios, distribuiu um banquete de frutas e vinhos à plateia e fez referência à uma palestra de sucesso na Flip, com um neurocientista...
A ciência Miguel Nicolelis prendeu o público que acompanhou seu evento ao falar de sua "utopia de restaurar movimentos". Ele anunciou seu projeto de fazer um tetraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo 2014 com a ação do cérebro, por meio de uma veste robótica.
Antonio Candido O crítico literário fez a palestra inaugural da Flip este ano. Palestra, não. Como ele mesmo definiu, sua participação foi com depoimentos de um amigo do modernista Oswald de Andrade, classificando-o como uma pessoa "extremamente afetiva" e que tinha como principal traço de personalidade a mobilidade. "Em tudo o que se referia a opiniões, a coisas momentâneas, havia essa mobilidade. Mas ele era de uma extrema constância no que se referia às ideias".
O Sorriso do Lagarto João Ubaldo Ribeiro divertiu o público da Flip ao contar histórias, revelar preferências e ser extremamente franco sobre seu processo de criação. Em certo momento, admitiu que a origem dos livros está na encomenda feita pelos editores. "Cheque gera inspiração". Sobre sua principal obra, Viva o Povo Brasileiro, disse que a motivação não foi "reescrever a história do Brasil do ponto de vista do dominado", como muitos acreditam, mas fazer um livro "grosso" para "esfregar na cara" de um editor que dizia que os brasileiros só faziam "livrinhos para serem lidos na ponte aérea".
Éder Jofre O performático James Ellroy, autor de livros que foram adaptados para o cinema, como Dália Negra e Los Angeles - Cidade Proibida, esbanjou sarcasmo e elogios ao Brasil, incluindo um especial ao ex-boxeador Éder Jofre: "foi o lutador mais perfeito que vi na vida. Espero que alguém possa falar para ele que sou fã dele".
Talking Heads O músico David Byrne, ex-líder da banda Talking Heads, trouxe uma discussão unusual para a Flip: arquitetura, urbanismo e o uso da bicicleta como meio de locomoção. Conhecendo várias cidades do mundo sobre duas rodas e usando pedais, tornou-se um especialista no tema e escreveu Diários de Bicicleta.
A polêmica O francês Claude Lanzmann desentendeu-se com o moderador de sua palestra, Márcio Seligmann-Silva, ao exigir que falassem de seu livro de memórias A Lebre da Patagônia. Chegou a ameaçar abandonar o palco, depois de falar longamente sobre seu filme Shoah, no qual reúne relatos de sobreviventes do holocausto. A atitude dividiu a opinião da plateia, contra e a favor do convidado. O curador da Flip, Manuel da Costa Pinto, defendeu o moderador: "Esse preconceito que há contra o acadêmico é uma coisa nazista. Infelizmente, uma pessoa que trabalhou tanto com essa matéria-prima acaba reproduzindo uma atitude dessa, ser contra a discussão intelectual, filosófica", disse. O dono da editora responsável pela publicação do livro de Lanzmann protestou, classificando a declaração de "equívoco". A organização da Flip considerou a palavra usada pelo curador "inadequada".
A musa A argentina Pola Oloixarac chegou a Paraty badalada e com status de musa do evento. Aos 33 anos, formada em filosofia, antenada nas redes sociais, amante de orquídeas e com um único livro publicado, Teorias Selvagens, ela esbanjou simpatia na coletiva em que falou sobre vários assuntos, incluindo futebol e até mesmo a polêmica da ausência de Antonio Tabucchi, que cancelou sua participação no evento em protesto contra a decisão do STF de negar a extradição de Cesare Battisti. No debate, no entanto, teve problemas ao se expressar e acabou ofuscada pelo angolano radicado em Portugal valter hugo mãe, que comoveu a plateia...
O choro O autor de Máquina de Fazer Espanhóis, valter hugo mãe (que escreve o nome assim mesmo, com minúsculas), encerrou sua fala na mesa de debates da Flip lendo uma carta em que relatava sua relação com o Brasil. Falou dos vizinhos brasileiros que teve em Portugal, os primeiros que viu "fora das novelas", a amizade com as amigas brasileiras de suas irmãs, que lhe davam status com as meninas de sua idade, e o gosto pela banda Legião Urbana. Ao final da leitura, foi às lágrimas. Terminou aplaudido de pé. valter hugo e Pola participaram da peça que encerrou a Flip...
Nus O diretor José Celso Martinez Corrêa, do Teatro Oficina, encenou sua versão do manifesto antropófago de Oswald de Andrade, escritor homenageado pela Flip este ano, no encerramento da festa. Com atores nus como índios, distribuiu um banquete de frutas e vinhos à plateia e fez referência à uma palestra de sucesso na Flip, com um neurocientista...
A ciência Miguel Nicolelis prendeu o público que acompanhou seu evento ao falar de sua "utopia de restaurar movimentos". Ele anunciou seu projeto de fazer um tetraplégico dar o pontapé inicial da Copa do Mundo 2014 com a ação do cérebro, por meio de uma veste robótica.
Antonio Candido O crítico literário fez a palestra inaugural da Flip este ano. Palestra, não. Como ele mesmo definiu, sua participação foi com depoimentos de um amigo do modernista Oswald de Andrade, classificando-o como uma pessoa "extremamente afetiva" e que tinha como principal traço de personalidade a mobilidade. "Em tudo o que se referia a opiniões, a coisas momentâneas, havia essa mobilidade. Mas ele era de uma extrema constância no que se referia às ideias".
O Sorriso do Lagarto João Ubaldo Ribeiro divertiu o público da Flip ao contar histórias, revelar preferências e ser extremamente franco sobre seu processo de criação. Em certo momento, admitiu que a origem dos livros está na encomenda feita pelos editores. "Cheque gera inspiração". Sobre sua principal obra, Viva o Povo Brasileiro, disse que a motivação não foi "reescrever a história do Brasil do ponto de vista do dominado", como muitos acreditam, mas fazer um livro "grosso" para "esfregar na cara" de um editor que dizia que os brasileiros só faziam "livrinhos para serem lidos na ponte aérea".
Éder Jofre O performático James Ellroy, autor de livros que foram adaptados para o cinema, como Dália Negra e Los Angeles - Cidade Proibida, esbanjou sarcasmo e elogios ao Brasil, incluindo um especial ao ex-boxeador Éder Jofre: "foi o lutador mais perfeito que vi na vida. Espero que alguém possa falar para ele que sou fã dele".
Talking Heads O músico David Byrne, ex-líder da banda Talking Heads, trouxe uma discussão unusual para a Flip: arquitetura, urbanismo e o uso da bicicleta como meio de locomoção. Conhecendo várias cidades do mundo sobre duas rodas e usando pedais, tornou-se um especialista no tema e escreveu Diários de Bicicleta.
A polêmica O francês Claude Lanzmann desentendeu-se com o moderador de sua palestra, Márcio Seligmann-Silva, ao exigir que falassem de seu livro de memórias A Lebre da Patagônia. Chegou a ameaçar abandonar o palco, depois de falar longamente sobre seu filme Shoah, no qual reúne relatos de sobreviventes do holocausto. A atitude dividiu a opinião da plateia, contra e a favor do convidado. O curador da Flip, Manuel da Costa Pinto, defendeu o moderador: "Esse preconceito que há contra o acadêmico é uma coisa nazista. Infelizmente, uma pessoa que trabalhou tanto com essa matéria-prima acaba reproduzindo uma atitude dessa, ser contra a discussão intelectual, filosófica", disse. O dono da editora responsável pela publicação do livro de Lanzmann protestou, classificando a declaração de "equívoco". A organização da Flip considerou a palavra usada pelo curador "inadequada".
(Cláudia Andrade - Portal Terra)
sábado, 9 de julho de 2011
INFÂMIA: novo livro de Ana Maria Machado
"Infâmia", o nono romance adulto de Ana Maria Machado, se integra a uma lista bibliográfica bem maior: os mais de cem títulos infantis que a autora já publicou.
Quando, há uns dez anos, pensou em escrever um livro tendo como tema a corrupção, a autora pretendia fazer uma história para crianças.
O plano não vingou, mas serviu de ideia para a obra que ela lança agora.
"Infâmia" narra duas tramas em paralelo. De um lado, um embaixador aposentado quer desvendar a misteriosa morte da filha. De outro, um funcionário público é acusado injustamente de corrupção.
"Esse clima de leviandade, em que não se respeita mais a privacidade do outro, em que colocam culpados e inocentes no mesmo saco, é uma coisa bem característica de nosso tempo", afirma.
Ela enxerga um retrato disso, sob ângulos diversos, em livros como "Reparação", de Ian McEwan, "Desonra", de J.M. Coetzee, e "A Marca Humana", de Philip Roth.
(Ilustrada - Folha de São Paulo)
Quando, há uns dez anos, pensou em escrever um livro tendo como tema a corrupção, a autora pretendia fazer uma história para crianças.
O plano não vingou, mas serviu de ideia para a obra que ela lança agora.
"Infâmia" narra duas tramas em paralelo. De um lado, um embaixador aposentado quer desvendar a misteriosa morte da filha. De outro, um funcionário público é acusado injustamente de corrupção.
"Esse clima de leviandade, em que não se respeita mais a privacidade do outro, em que colocam culpados e inocentes no mesmo saco, é uma coisa bem característica de nosso tempo", afirma.
Ela enxerga um retrato disso, sob ângulos diversos, em livros como "Reparação", de Ian McEwan, "Desonra", de J.M. Coetzee, e "A Marca Humana", de Philip Roth.
(Ilustrada - Folha de São Paulo)
valter hugo mãe
A segunda mesa de leitura realizada nesta sexta-feira (08/07) na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), no sul do Estado do Rio de Janeiro, teve como boa surpresa a presença do escritor angolano valter hugo mãe. Surpreendentemente sincero, que chegou até mesmo a ofuscar a presença da argentina Pola Oloixarac, convidada para ser a atração principal, em um debate que trataria especificamente de obras de ficção.
"Acredito que o escritor procura substituir com a literatura tudo aquilo que lhe falta. Não uso livros para reprouzir a minha vida, por exemplo. Não julgo que seja tão interessante assim para que vire um livro, um filme ou mesmo um festival inteiro de cinema. Não creio que eu seja um James Bond, com uma vida cheia de aventuras. Livros têm que ser sobre o que não tenho, o que não sou. Algo que percebemos de melhor no outro. E sobre as pessoas, que são o melhor do mundo".
Uma pergunta inevitável: por que as minúsculas? Acredita que elas podem em algum momento se tornar uma armadura para sua escrita (como algo “típico” de valter hugo mãe)?
As minúsculas vão ao encontro da oralidade e do modo como pensamos. Pretendem alcançar uma ideia de igualdade e certa aceleração na leitura. Não me levo nunca a sério demais ao ponto de achar que tenho razão, descobri o que está certo e vou ser assim a vida inteira. Não. Quero muito libertar-me também de mim próprio. Encerrei um ciclo de quatro romances escritos em minúsculas, e o meu novo livro, que estou agora mesmo a escrever, terá maiúsculas, convencionalmente, e mostrará como as opções estéticas não devem nunca superar a necessidade de procurar outras maneiras de abordarmos as questões. Estou muito interessado em renovar-me tanto quanto me seja possível.
(O Globo)
"Acredito que o escritor procura substituir com a literatura tudo aquilo que lhe falta. Não uso livros para reprouzir a minha vida, por exemplo. Não julgo que seja tão interessante assim para que vire um livro, um filme ou mesmo um festival inteiro de cinema. Não creio que eu seja um James Bond, com uma vida cheia de aventuras. Livros têm que ser sobre o que não tenho, o que não sou. Algo que percebemos de melhor no outro. E sobre as pessoas, que são o melhor do mundo".
Uma pergunta inevitável: por que as minúsculas? Acredita que elas podem em algum momento se tornar uma armadura para sua escrita (como algo “típico” de valter hugo mãe)?
As minúsculas vão ao encontro da oralidade e do modo como pensamos. Pretendem alcançar uma ideia de igualdade e certa aceleração na leitura. Não me levo nunca a sério demais ao ponto de achar que tenho razão, descobri o que está certo e vou ser assim a vida inteira. Não. Quero muito libertar-me também de mim próprio. Encerrei um ciclo de quatro romances escritos em minúsculas, e o meu novo livro, que estou agora mesmo a escrever, terá maiúsculas, convencionalmente, e mostrará como as opções estéticas não devem nunca superar a necessidade de procurar outras maneiras de abordarmos as questões. Estou muito interessado em renovar-me tanto quanto me seja possível.
(O Globo)
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Carol Ann Duffy na FLIP
A escritora e poetisa escocesa Carol Ann Duffy participou da mesa Lírica crítica da tarde desta quinta-feira (7) na Festa Literária Internacional de Paraty de 2001. Com mediação da presidente da Flip, Liz Calder, e participação do poeta e tradutor brasileiro Paulo Henriques Britto, o foco do debate ficou por conta da poesia.
Primeira mulher a ser indicada como "Poeta Laureado" do Reino Unido, Carol Ann Duffy tem como traço marcante em suas obras a exploração da sexualidade e violência com intensidade subjetiva e rigor formal. Seus poemas são connhecidos por apresentarem desfechos surpreendentes e ser de fácil acesso para a população. Segundo a mediadora da mesa, Liz Calder, a escocesa é "uma poeta do povo".
Carol Ann Duffy destacou ser um prazer participar da Flip e leu alguns dos seus poemas preferidos. A escritora recitou poemas inéditos do novo livro, The bees (As abelhas, na tradução em português). Entre os livros da escritora estão os títulos, nenhum deles publicados no Brasil, Standing female nude (1985), vencedor do Prêmio Scottish Arts Council, e Rapture (2005), ganhador do T. S. Eliot Prize.
A poetisa encerrou sua participação com versos sobre sua mãe, falecida há cinco anos. "A poesia é para mim uma maneira de liberar o sentimento em forma de linguagem", revelou.
Primeira mulher a ser indicada como "Poeta Laureado" do Reino Unido, Carol Ann Duffy tem como traço marcante em suas obras a exploração da sexualidade e violência com intensidade subjetiva e rigor formal. Seus poemas são connhecidos por apresentarem desfechos surpreendentes e ser de fácil acesso para a população. Segundo a mediadora da mesa, Liz Calder, a escocesa é "uma poeta do povo".
Carol Ann Duffy destacou ser um prazer participar da Flip e leu alguns dos seus poemas preferidos. A escritora recitou poemas inéditos do novo livro, The bees (As abelhas, na tradução em português). Entre os livros da escritora estão os títulos, nenhum deles publicados no Brasil, Standing female nude (1985), vencedor do Prêmio Scottish Arts Council, e Rapture (2005), ganhador do T. S. Eliot Prize.
A poetisa encerrou sua participação com versos sobre sua mãe, falecida há cinco anos. "A poesia é para mim uma maneira de liberar o sentimento em forma de linguagem", revelou.
(Luisa Bustamante - In: Jornal do Brasil)
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Antonio Candido: "Testemunho de afeto"
O professor, ensaísta e crítico literário Antonio Candido falou nesta quarta-feira (6) sobre a vida e obra de seu amigo Oswald de Andrade (1890-1954), durante a conferência de abertura da Flip 2011. A mesa, intitulada "Oswald de Andrade: devoração e mobilidade", contou também com a presença do compositor José Miguel Wisnik.
Candido subiu ao palco da Tenda dos Autores às 19h24, vestindo paletó bege, e foi aplaudido de pé pela plateia. "O que vou fazer não chega a ser uma palestra; é mais um depoimento. Vou falar de algo que só eu posso falar: como foi Oswald de Andrade. O que farei aqui é um testemunho de afeto."
O professor falou da intimidade do modernista, deixando de lado análises formais sobre sua obra. "Ele era muito suscetível à crítica. Era de um sarcasmo brilhante, esmagava a pessoa. De modo que despertava certo temor. Eu falo porque tenho experiência. Ele me malhou bastante."
Candido contou que a amizade entre os dois começou depois de ter publicado uma crítica negativa sobre um dos livros do escritor, em 1943. "Ele zangou e escreveu um artigo muito violento sobre mim. Mas depois nos encontramos em uma livraria e ele disse: 'ataquei você com violência e você respondeu com serenidade. Proponho que nos tornemos amigos'."
Outro momento marcante na trajetória de Oswald, lembrado pelo crítico como "patético", foi a briga com o amigo Mário de Andrade. "Foi ele que empurrou o Mário para frente. Depois brigaram feio. Mas o patético é que o Oswald passou o resto da vida querendo fazer as pazes com o Mário, e ele se recusava", disse. "Os dois se admiravam profundamente."
Candido disse que, quando Mário morreu, Oswald se "desesperou". Chamou o crítico para falar sobre sua admiração pelo amigo falecido. Segundo Candido, Oswald disse considerar Mário "a maior figura do modernismo brasileiro" e revelou que gostaria de ter escrito "Macunaíma" (1928)."
Oswald não sabia viver só. Precisava de carinho, aplauso, admiração. Ele queria apreciação do próximo. Gostava de estar cercado de gente, dava festas, era muito sociável. Era um homem que não tinha rancor."
(Transcrito do portal G1.com.br - Flip 2011)
Candido subiu ao palco da Tenda dos Autores às 19h24, vestindo paletó bege, e foi aplaudido de pé pela plateia. "O que vou fazer não chega a ser uma palestra; é mais um depoimento. Vou falar de algo que só eu posso falar: como foi Oswald de Andrade. O que farei aqui é um testemunho de afeto."
O professor falou da intimidade do modernista, deixando de lado análises formais sobre sua obra. "Ele era muito suscetível à crítica. Era de um sarcasmo brilhante, esmagava a pessoa. De modo que despertava certo temor. Eu falo porque tenho experiência. Ele me malhou bastante."
Candido contou que a amizade entre os dois começou depois de ter publicado uma crítica negativa sobre um dos livros do escritor, em 1943. "Ele zangou e escreveu um artigo muito violento sobre mim. Mas depois nos encontramos em uma livraria e ele disse: 'ataquei você com violência e você respondeu com serenidade. Proponho que nos tornemos amigos'."
Outro momento marcante na trajetória de Oswald, lembrado pelo crítico como "patético", foi a briga com o amigo Mário de Andrade. "Foi ele que empurrou o Mário para frente. Depois brigaram feio. Mas o patético é que o Oswald passou o resto da vida querendo fazer as pazes com o Mário, e ele se recusava", disse. "Os dois se admiravam profundamente."
Candido disse que, quando Mário morreu, Oswald se "desesperou". Chamou o crítico para falar sobre sua admiração pelo amigo falecido. Segundo Candido, Oswald disse considerar Mário "a maior figura do modernismo brasileiro" e revelou que gostaria de ter escrito "Macunaíma" (1928)."
Oswald não sabia viver só. Precisava de carinho, aplauso, admiração. Ele queria apreciação do próximo. Gostava de estar cercado de gente, dava festas, era muito sociável. Era um homem que não tinha rancor."
(Transcrito do portal G1.com.br - Flip 2011)
terça-feira, 5 de julho de 2011
Prof. Dr. Sandro Calheiros no Grupo de Leitura: FILOSOFIA E CINEMA
Enviado por Eliane F.C. Lima
Cara Arriete,
Se sua obra poética é apenas uma pequena parte do que há dentro de você, imagino o todo. E vim justamente agradecer-lhe a oportunidade de postar seus textos em meu blog http://literaturaemvida2.blogspot.com
e comentá-los. Fui aluna da Prof.a Dr.a Angélica Soares, na UFRJ. Terei grande prazer em receber sua visita por lá.
Eliane F.C.Lima
É Doutora em Literatura Brasileira pela UFRJ, carioca, poeta e ficcionista. Membro do NIELM/UFRJ e colaboradora do site "Debates Culturais".
segunda-feira, 4 de julho de 2011
De Pascal Mercier
sábado, 2 de julho de 2011
Há 50 anos, morria Ernest Hemingway
Meio século se completa neste sábado desde que o escritor Ernest Hemingway apertou o gatilho de sua pistola e pôs um trágico fim a uma trajetória de vida na qual se consagrou como "modelo de escritor moral", ao relatar os horrores e paixões provocados pela guerra.
"Ele viveu com paixão e um enorme respeito pelas outras culturas, com compromisso e determinação em tempos de guerra. Tudo isso o transforma em um estupendo modelo moral", diz à Agência Efe James Meredith, presidente da Hemingway Society, dedicada a preservar o legado do escritor.
Autor de cinco romances e mais de 50 relatos, Hemingway cultivou uma imagem de viajante e aventureiro infatigável, com prolongadas viagens a França, Itália, Espanha, Cuba e África durante seus 61 anos de vida, nos quais testemunhou as duas guerras mundiais.
Nascido em 1899 em Oak Park, nos arredores de Chicago, a vocação de Hemingway não tardou a brotar. Pouco após terminar seus estudos, começou a trabalhar com apenas 17 anos como repórter no jornal "Kansas City Star".
Sua permanência no periódico mal durou um ano, mas Hemingway sempre lembrou o livro de estilo do jornal ("frases curtas, primeiros parágrafos curtos)" como guia para sua ágil escrita, que posteriormente inspiraria imitadores.
À primeira oportunidade que teve, o então jovem Hemingway abandonou os Estados Unidos e partiu ao front para trabalhar como motorista de ambulância na frente italiana durante a Primeira Guerra Mundial, de onde retornou ferido e com restos de estilhaços nas duas pernas.
Como correspondente do diário "Toronto Star", voltou à Europa e viveu em Paris durante a década de 1920 junto à chamada "Geração Perdida", um grupo de escritores americanos entre os quais estavam Gertrude Stein, Ezra Pound, John Dos Passos e F. Scott Fitzgerald.
Nessa época, uma das mais prolíficas de sua carreira, publicou dois de seus romances mais reconhecidos, "O Sol Também Se Levanta" (1926) e "Adeus às Armas" (1929).
A guerra, um dos grandes temas literários de Hemingway, voltou ao trabalho do escritor com a eclosão da Guerra Civil Espanhola (1936-39), conflito que ele cobriu como correspondente em Madri.
Hemingway já tinha então se casado duas vezes e comprado uma casa em Key West, ilha no sul da Flórida onde cultivava duas grandes paixões além da literatura: a bebida e a pesca.
Posteriormente, após o sucesso de "Por Quem os Sinos Dobram" (1940), voltaria à Europa para cobrir o Desembarque da Normandia na Segunda Guerra Mundial e a libertação de Paris da ocupação nazista.
"Todos os bons livros têm algo em comum, são mais verdadeiros que se as coisas tivessem realmente ocorrido", era uma de suas frases mais repetidas ao ser questionado sobre a veracidade de seus escritos.
Mulherengo, boêmio e nômade, encarnava a lenda do escritor errante na busca de histórias para sua máquina de escrever, que datilografava sempre de pé.
"Sempre faça sóbrio o que você disse que faria bêbado. Isso lhe ensinará a manter a boca fechada", era outro de seus irônicos lemas.
Casou-se pela terceira vez e foi viver em Cuba, na Finca Vigía, onde concluiu "O Velho e o Mar", breve e renomado romance sobre um dia no mar de um velho pescador cubano, pelo qual recebeu o Prêmio Pulitzer em 1953.
Nos anos 40, Hemingway descobriu o continente africano, aonde viajou várias vezes para praticar outro grande passatempo: a caça, numa época magnificamente retratada em um de seus relatos mais conhecidos, "As Neves do Kilimanjaro" (1960).
Esteve a ponto de morrer após sofrer acidentes aéreos, que o deixam seriamente ferido e o impediram de viajar a Estocolmo para receber em 1954 o Prêmio Nobel de Literatura.
Após Mark Twain e Jack London, Hemingway é o escritor americano mais traduzido a outros idiomas.
Em 1960, abandonou definitivamente Cuba; com a saúde debilitada, Hemingway ficou recluso em sua residência de Ketchum, no estado americano de Idaho. Um ano e meio depois, com três romances ainda pendentes, Hemingway cometeu suicídio.
Seu último livro veio à tona, paradoxalmente intitulado "Paris é uma Festa", uma jovial celebração de seus anos de juventude na capital francesa.
Nos Estados Unidos, seus fãs lembram seu legado nos chamados "Hemingway Days" no fim de julho, coincidindo com a data de seu nascimento (dia 21), com diversos eventos em Key West entre os quais está um sarau de contos promovido por sua neta, a também escritora Lorian Hemingway.
"Ele viveu com paixão e um enorme respeito pelas outras culturas, com compromisso e determinação em tempos de guerra. Tudo isso o transforma em um estupendo modelo moral", diz à Agência Efe James Meredith, presidente da Hemingway Society, dedicada a preservar o legado do escritor.
Autor de cinco romances e mais de 50 relatos, Hemingway cultivou uma imagem de viajante e aventureiro infatigável, com prolongadas viagens a França, Itália, Espanha, Cuba e África durante seus 61 anos de vida, nos quais testemunhou as duas guerras mundiais.
Nascido em 1899 em Oak Park, nos arredores de Chicago, a vocação de Hemingway não tardou a brotar. Pouco após terminar seus estudos, começou a trabalhar com apenas 17 anos como repórter no jornal "Kansas City Star".
Sua permanência no periódico mal durou um ano, mas Hemingway sempre lembrou o livro de estilo do jornal ("frases curtas, primeiros parágrafos curtos)" como guia para sua ágil escrita, que posteriormente inspiraria imitadores.
À primeira oportunidade que teve, o então jovem Hemingway abandonou os Estados Unidos e partiu ao front para trabalhar como motorista de ambulância na frente italiana durante a Primeira Guerra Mundial, de onde retornou ferido e com restos de estilhaços nas duas pernas.
Como correspondente do diário "Toronto Star", voltou à Europa e viveu em Paris durante a década de 1920 junto à chamada "Geração Perdida", um grupo de escritores americanos entre os quais estavam Gertrude Stein, Ezra Pound, John Dos Passos e F. Scott Fitzgerald.
Nessa época, uma das mais prolíficas de sua carreira, publicou dois de seus romances mais reconhecidos, "O Sol Também Se Levanta" (1926) e "Adeus às Armas" (1929).
A guerra, um dos grandes temas literários de Hemingway, voltou ao trabalho do escritor com a eclosão da Guerra Civil Espanhola (1936-39), conflito que ele cobriu como correspondente em Madri.
Hemingway já tinha então se casado duas vezes e comprado uma casa em Key West, ilha no sul da Flórida onde cultivava duas grandes paixões além da literatura: a bebida e a pesca.
Posteriormente, após o sucesso de "Por Quem os Sinos Dobram" (1940), voltaria à Europa para cobrir o Desembarque da Normandia na Segunda Guerra Mundial e a libertação de Paris da ocupação nazista.
"Todos os bons livros têm algo em comum, são mais verdadeiros que se as coisas tivessem realmente ocorrido", era uma de suas frases mais repetidas ao ser questionado sobre a veracidade de seus escritos.
Mulherengo, boêmio e nômade, encarnava a lenda do escritor errante na busca de histórias para sua máquina de escrever, que datilografava sempre de pé.
"Sempre faça sóbrio o que você disse que faria bêbado. Isso lhe ensinará a manter a boca fechada", era outro de seus irônicos lemas.
Casou-se pela terceira vez e foi viver em Cuba, na Finca Vigía, onde concluiu "O Velho e o Mar", breve e renomado romance sobre um dia no mar de um velho pescador cubano, pelo qual recebeu o Prêmio Pulitzer em 1953.
Nos anos 40, Hemingway descobriu o continente africano, aonde viajou várias vezes para praticar outro grande passatempo: a caça, numa época magnificamente retratada em um de seus relatos mais conhecidos, "As Neves do Kilimanjaro" (1960).
Esteve a ponto de morrer após sofrer acidentes aéreos, que o deixam seriamente ferido e o impediram de viajar a Estocolmo para receber em 1954 o Prêmio Nobel de Literatura.
Após Mark Twain e Jack London, Hemingway é o escritor americano mais traduzido a outros idiomas.
Em 1960, abandonou definitivamente Cuba; com a saúde debilitada, Hemingway ficou recluso em sua residência de Ketchum, no estado americano de Idaho. Um ano e meio depois, com três romances ainda pendentes, Hemingway cometeu suicídio.
Seu último livro veio à tona, paradoxalmente intitulado "Paris é uma Festa", uma jovial celebração de seus anos de juventude na capital francesa.
Nos Estados Unidos, seus fãs lembram seu legado nos chamados "Hemingway Days" no fim de julho, coincidindo com a data de seu nascimento (dia 21), com diversos eventos em Key West entre os quais está um sarau de contos promovido por sua neta, a também escritora Lorian Hemingway.
(FOLHA DE SÃO PAULO -- Ilustrada)
sexta-feira, 1 de julho de 2011
O homem público n. 1 - Ana Cristina César
Tarde aprendi
bom mesmo
é dar a alma como lavada.
Não há razão
para conservar
este fiapo de noite velha.
Que significa isso?
Há uma fita
que vai sendo cortada
deixando uma sombra
no papel.
Discursos detonam.
Não sou eu que estou ali
de roupa escura
sorrindo ou fingindo
ouvir.
No entanto
também escrevi coisas assim,
para pessoas que nem sei mais
quem são,
de uma doçura
venenosa
de tão funda.
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