sexta-feira, 1 de julho de 2011

O homem público n. 1 - Ana Cristina César

Tarde aprendi


bom mesmo


é dar a alma como lavada.


Não há razão


para conservar


este fiapo de noite velha.


Que significa isso?


Há uma fita


que vai sendo cortada


deixando uma sombra


no papel.


Discursos detonam.


Não sou eu que estou ali


de roupa escura


sorrindo ou fingindo


ouvir.


No entanto


também escrevi coisas assim,


para pessoas que nem sei mais


quem são,


de uma doçura


venenosa


de tão funda.

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