As estrelas de Lorca repousam
sobre o azul dormido,
mas nada me dizem de ti.
Saberão os álamos dos rios de Lorca
que passos peregrinos se interpõem
entre os nossos azuis,
impossíveis hoje?
Saberão as águas desnudas de Lorca
quantas luzes hás de atravessar,
em quantos corpos hás de dormir
e que labirintos hás de tecer para lograr o tempo,
antes que assomes na madrugada
da minha rua?
Há as caravelas, sei.
Mas não devo apressar-te. Virás
à época dos frutos maduros,
do trigo e das uvas,
do mel e do amor.
Virás no rastro de Lorca
e nos claros azuis em que testemunhei
os luares ferindo de saudade
a noite profunda.
Virás por veredas que se hão de consumir
em flor e silêncio:
aprenderás a ninar Lorca
para compreender que, como ele,
não sabes teu fim
nem teu destino.
Do livro VADIOS AFETOS (In: OBRA POÉTICA REUNIDA – 2010)
ANTOLOGÍA DE POETAS BRASILEÑOS ACTUALES
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