sábado, 3 de setembro de 2011

Poemas de Arriete Vilela são traduzidos para o espanhol (3)

POEMA 1

Há sempre algo de ausente que me atormenta.
Camille Claudel


Não têm nome esses fantasmas
que me rondam; mas têm uma sensualidade
nua, grotesca, quase violenta
– embora sinuosa e fluida –,
a instalar-se na ponta do grafite,
a desandar em vulgaridades,
a incapacitar-me para as cicatrizes.

Não têm nome esses fantasmas
líquidos; mas têm uma sensualidade cruel,
quase delicada
– embora incoerente e óbvia –,
a mover-se entre relva e pedra,
a negar-me um significado,
a ser, nas minhas veias, uma sangria
de amor.

Não têm nome esses fantasmas crivados
de palavras toscas; mas têm uma sensualidade
dissoluta, persuasiva
– embora veladamente hostil –,
a fingir-se travessia,
a tatuar-se do sentido de urgência da vida
e a obrigar-me às aflições do desejo
solitário.

Inomináveis,
esses meus fantasmas dançam mistérios
na vastidão devoradora
da noite.


Do livro ÁVIDAS PAIXÕES, ÁRIDOS AMORES (In: OBRA POÉTICA REUNIDA – 2010)

ANTOLOGÍA DE POETAS BRASILEÑOS ACTUALES

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