quarta-feira, 13 de junho de 2012


 














POEMA 28

                   Arriete Vilela

Tivesses menos olhares no próprio olhar,
e não te importarias de estar sempre
no preto e branco dessa felicidade relativa.

Tivesses menos desejos no coração,
e acharias bom sentar-te à porta de casa,
desde cedinho até o último raio de sol
- um Sísifo às avessas -,
apenas para saudar os viajantes.

Tivesses menos palavras entre os dedos,
e passarias à margem das metáforas,
satisfeito de somente entender
a obviedade da vida e das coisas.

Tivesses menos amor a ti mesmo,
e não temerias o salto sobre o abismo
a despedaçar-te em versos.

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Poema lido pela juíza Sara Vicente, no VII Congresso Brasileiro de Direito do Trabalho.

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