segunda-feira, 16 de maio de 2011

Poema 33 - Arriete Vilela

Água da cacimba
no avental encardido da infância.

Revejo a avó
longínqua e triste:
miúda flor ressequindo-se
à beira do fogão a lenha;
miúda borboleta esgotando-se
no sopro à brasa do ferro de engomar;
miúda camponesa desdobrando-se
entre a cuscuzeira de barro
e as pontas da toalha da mesa,
onde assoa o nariz.

Miúda e bela estrela,
a avó,
mergulhada no abismo
do anonimato.

(In: Obra Poética Reunida)

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