quinta-feira, 31 de maio de 2012

Comentário sobre Luares para o Amor não naufragar


Olá Arriete td bom? Vc me enviou um livro seu 'luares para o amor não naufragar" através de Nora. Fiquei muito grato e segundo nora vc pediu para comentar..daí..seguem minhas impressões. qq coisa pode entrar em contato. agradecido kauê o.m.


Obs: sobre o livro de Arriete Vilela: Luares para o amor não naufragar. AL, 2012.

Bom ...primeiro gostaria de falar que gostei muito de ter recebido o livro, não sei exatamente o q Nora falou sobre mim, mas tudo começou por compartilhar o trabalho de Ju Sousa no facebook, o ensaio fotográfico baseado em versos seus, Arriete Vilela, que por sinal este trabalho ficou muito bom!! Gostei muito do resultado das fotos dos versos e do vídeo final com a trilha sonora de Gotan Project.
Não sou nenhum crítico literário. Autodidata nas questões poéticas e pouco estudioso sobre o assunto, no sentido de não ser conhecedor de todas as obras de autor x ou y, apesar de conhecer trabalhos de alguns poetas alagoanos ou não, brasileiros ou não e um pouquinho de cada coisa....
Faço parte de um coletivo de poesia chamado Coletivo Frente e Verso, ou melhor, um coletivo de música incidental com experimentos visuais e poesia sonora. Minhas concepções de poesia não são muito complexas e, minha única tentativa de escrever um livro de poesia solo foi para o prêmio lego e se chamava “olhe ao seu redor enquanto estiver passando ou Não poemas”.um livro sobre o cotidiano e sobre possibilidades poéticas não usuais, com presença de algumas ilustrações. Digo isto para justificar um pouco minhas palavras abaixo:

Inicialmente pelo título achei que o livro se tratava de poemas apenas sobre o amor, com lirismo e paixões a flor da pele, que seria um livro digamos que ‘romântico’...mas na verdade vi que era preconceito meu com o título, pois o livro fala sobre temáticas diversas e pelo que estou percebendo ele tem mais metalinguagem do que poemas românticos- ainda preciso relê-los - e que cada conjunto de poemas são precedidos por citações diretamente ligadas aos poemas de Arriete- me pareceu que funcionam como uma anunciação do que está por vir. Além de falar de poema e poesia, linguagem e palavra, fala do poeta, fala dos caminhos refeitos das esquinas, fala de palavras duras, de presença no vazio ou de vazio da ausência. Fala ainda, para quebrar com minha impressão inicial, de paixões e amores, mas fala de "dentro da maré, sem apelos românticos, levo-te comigo...” fala como quem vive ou viveu a complexidade da palavra, da existência e da paixão: a dualidade.
No final resumindo o que queria dizer, e fico muito feliz de você, segundo Nora, pedir para te dizer minhas impressões: - Gostei!! 
Como disse: não sou nenhum grande estudioso do assunto ou de sua obra. Mas grato pela oportunidade de falar minhas impressões...
Grato,
Atenciosamente, Kauê O.M.
26/05/2012

terça-feira, 29 de maio de 2012


POEMA 1

                   Arriete Vilela

A Paixão
desfilou sua exuberância
sob a janela da minha alma.

Deveria ter-se anunciado
de alguma forma,
para que eu arejasse toda a casa
e me apressasse, alegre,
para recebê-la à vista de todos.

Mas não.

Flutuante e impulsiva,
a Paixão se fez breve sob a janela
da minha alma,

e a mim, que a tenho aguardado
como a gaivota solitária aguarda
o sol nascente,
deixou-me apenas entrever com que graça
voeja para longe dos ardis
das capturas afetivas.




ENTREVISTA CONCEDIDA
                AO JORNALISTA ROBERTO AMORIM
                           
                            (http://mais.al/cultura-e-lazer/)


       Há tempos não circulam na cidade convites para lançamentos oficiais das obras da escritora alagoana Arriete Vilela. Mas não significa que a produção diminuiu ou parou. Pelo contrário. 
Depois de “Obras Reunidas”, ela acaba de lançar Luares para o amor não naufragar (poemas) e Alzirinha (narrativa). Ambos estão à venda na Academia Alagoana de Letras, que funciona na Casa Jorge de Lima, na praça Sinimbu. 
Arriete descobriu ser mais prazeroso e eficaz usar a internet e as conversas nas escolas e faculdades como ferramentas para divulgar suas criações literárias. Saiba mais da nova fase da escritora na entrevista abaixo.

1. Há quanto tempo os novos livros estavam na gestação?

Arriete Vilela - Não sei precisar, porque normalmente maturo cada poema, cada texto na cabeça (ou no coração?), durante as minhas caminhadas à beira-mar. Depois, ao escrevê-los de fato, retrabalho-os quase exaustivamente. Não costumo publicar nenhum livro sem uma minuciosa revisão (o que, todavia, não impede que, já editado, eu encontre uma falha ou outra...).
Escrevi Luares para o Amor não naufragar  ao longo de 2011, e Alzirinha neste primeiro semestre.

2. Em linhas gerais, fale um pouco de cada um deles. Que diálogos quer ter com os leitores?
    
Arriete Vilela - Luares para o Amor não naufragar  é um livro de poemas; são 45. Embora o título possa sugerir que há alguma dica de como evitar que amores naufraguem, não há; se houvesse, creio que seria um livro de autoajuda, e não de poemas (rs).
Alzirinha é um livro em que conto fatos de uma infância feliz; fatos reais, revestidos pela linguagem literária.

Meus livros sempre dialogam com os meus leitores, do leigo ao estudioso da literatura. Quando vou às escolas para conversar com os alunos, sinto que eles compreendem bem os meus textos;  opinam, questionam, interagem. Na área acadêmica, há três Dissertações de Mestrado (UFAL); brevemente, a profa. Elaine Raposo defenderá a Tese de Doutoramento “Memória, corpo e espaço na poesia de Arriete Vilela” (UFAL), e a profa. Giancarla Bombonato (Unioeste, PR) está finalizando a Dissertação de Mestrado “Memória, narrativa e escrita de autoria feminina em Arriete Vilela e Berta Lucía Estrada. Além disso, há inúmeros ensaios, TCCs e monografias.

3.     Eles (os livros) são  “continuidades   inevitáveis”     de  sua
trajetória literária ou trazem aspectos antes nunca experimentados?

Arriete Vilela - “Tudo é e não é”, disse Guimarães Rosa. Alzirinha é uma novidade para mim, pois nunca havia escrito algo com ilustrações que remetem ao mundo infantil. Aliás, esse livro está agradando às crianças e aos adultos, o que me deixa muito feliz, naturalmente. 
Luares para o Amor não naufragar é uma “continuidade” poética, sim, mas não necessariamente “inevitável”.

4.  Com o passar do tempo e a abertura para novas experiências, a Literatura fica menos exigente com os escritores?

Arriete Vilela - Talvez. Hoje não se vêem mais escritores como Proust, Dostoievski, Balzac, Eça de Queirós, Machado de Assis ou Joyce. Isso não quer dizer que não haja ótimos/as escritores/as, mas a própria dinamicidade da vida exige outro ritmo, digamos, literário.
Creio, porém, que o próprio autor, consciente do seu ofício, deve ser exigente com o que produz.

5.     Como está sendo a experiência com a internet (blog etc.)?

Arriete Vilela - A internet é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa. Tenho um blog (apoesianasentrelinhasdavida.blogspot.com), mas, ultimamente, com palestras a fazer em escolas e faculdades, e leituras constantes para a Oficina de Leitura e Escrita Criativa, além dos compromissos pessoais, não disponho de tempo para atualizá-lo com frequência. Mas tanto o blog quanto o facebook  são ótimos espaços para divulgar os meus livros e para interagir com os leitores. Também tenho e-mail, que acesso diariamente. Gosto dessas “modernidades” (rs), mas sem exageros.

6. É mais fácil publicar hoje ou a relação com editoras/custos continua difícil?

Arriete Vilela - Continua difícil. De modo geral, banco os meus livros. No entanto, para o romance Lãs ao vento (2005), contei com o patrocínio da Fundação Raimundo Marinho; a Obra Poética Reunida (2010) foi feita em coedição (Secult), e esses dois mais recentes tiveram o patrocínio da Braskem.

7.  Como não faz mais lançamentos, que estratégias você tem usado para divulgar as obras e dialogar com seu público.

Arriete Vilela - Não basta editar o livro; ele precisa de distribuição e divulgação. Por isso, sempre envio, pelo correio, exemplares e exemplares para amigos de outros Estados (e até de outros países), para professores e críticos literários. Essa é uma forma de divulgação.
Sou sempre convidada a conversar com os alunos de escolas e faculdades, tanto públicas como particulares. Gosto dessa interação, pois são leitores de idades diferenciadas que fazem comentários muito pertinentes. Faço doações aos professores e às bibliotecas. Essa é uma outra forma de divulgação.
Quanto à divulgação midiática, não posso me queixar. Sinto-me prestigiada e valorizada na minha terra. Os jornalistas me procuram e me concedem espaço (há exceções, claro, porque não sou unanimidade). Esta entrevista que você me solicitou, por exemplo, é uma ótima divulgação virtual.
E também recebo muitos e-mails; os leitores comentam e, muitos deles, me pedem esse ou aquele livro. Não nego. É também uma forma de divulgação (e de diálogo).

8.   Tem se interessado por novas “temáticas humanas”, na hora de escrever?

Arriete Vilela - Desde o início da minha trajetória literária, tenho dois temas recorrentes: a Infância e o Amor. Neles cabem todas as “temáticas humanas”.

9 . De todos os ofícios, escrever é o que mais a consome?

Arriete Vilela - Sempre digo que tenho o privilégio de poder conciliar a Literatura  como profissão, vocação e paixão. Orientar grupos de leitura, na Oficina de Leitura e Escrita Criativa, discutir obras clássicas, estimular o gosto pelo bom texto literário – isso é muito prazeroso, pois me oferece um convívio  enriquecedor e uma motivação diária.
Escrever é outra instância; exige recolhimento, disciplina, solidão. “Escrever é a minha mais profunda alegria”, disse Camus. Dá sentido à minha vida; é a “reserva florestal” da minha alma.
De modo que nenhum “ofício” me consome. Tudo o que faço me     torna melhor como ser humano e como escritora.

segunda-feira, 28 de maio de 2012


Poesia requer descoberta e espanto, diz Ferreira Gullar


Régis Martins *

Finalmente, Ferreira Gullar vem a Ribeirão Preto. Avesso a eventos sociais e literários, o maior poeta vivo da literatura brasileira participa da Feira do Livro na próxima quarta-feira, dia 30, em uma conferência no Theatro Pedro II.
O maranhense radicado no Rio de Janeiro vem para cidade de carro, porque não anda mais de avião. Aos 81 anos, recebeu os principais prêmios literários do País e tem uma obra que compreende 15 livros de poesia. Em entrevista por telefone, ele fala de seu processo criativo e da teoria de que a vida é uma invenção do homem. Confira a seguir.

A Cidade - De "A Luta Corporal" até "Em Alguma Parte Alguma" muita coisa mudou? 
Ferreira Gullar - Evidente, porque a poesia é uma coisa inventada, assim como a própria vida. Cada poeta e cada escritor se envolvem com determinados temas que falam mais do que outros e nos quais você vai construindo sua obra. Com o passar dos anos, vão mudando os temas. Mas, no meu caso, algumas questões voltaram. Neste novo livro, retomo algumas coisas de "A Luta Corporal", como a questão dos limites da linguagem e de como ela ainda é capaz de representar a nossa realidade.


A Cidade - Alguns críticos dizem que o senhor foi o precursor da poesia concreta. 
Ferreira - Isso é um equívoco muito grande. O meu livro "A Luta Corporal" (1954), ao desintegrar o discurso poético, criou as condições ideais para o surgimento da poesia concreta. Mas não é um livro "pré-concreto". Nunca pretendi fazer poesia concreta quando escrevi "A Luta Corporal". Longe disso.


A Cidade - De que fala a sua peça mais recente, "O Homem como invenção de Si Mesmo"?
Ferreira - Estou convencido de que o homem se inventa e inventa o próprio mundo em que vive. A cidade, por exemplo, é uma coisa criada pelo homem. Não é floresta e nem bosque. E assim também como nossos próprios valores. O ser humano criou Deus, né? Eu brinco dizendo que o homem criou Deus para que este o criasse. Porque, como diz o Waldick Soreano: "eu não sou cachorro, não".


A Cidade - É um assunto bem filosófico. Sua poesia trata disso hoje em dia? 
Ferreira - Não, não. Poesia não tem nada a ver com filosofia. Nesse meu livro ["Em Alguma Parte Alguma"] eu digo: "Só o que não se sabe é poesia". Filosofia é uma outra coisa. Um outro modo de inventar e de conhecer a realidade. São formas diferentes de se inventar a vida. Sempre digo que a arte existe porque a vida não basta.


A Cidade - O poeta João Cabral de Mello Neto dizia que não existe esse negócio de inspiração. 
Ferreira - Veja bem, o lado transcendente da coisa, meio místico, sinceramente não existe. Mas evidentemente, ninguém escreve poesia de fato, a não ser tocado por um espanto, por uma descoberta, por um estado psicológico especial. O próprio João Cabral sabia disso.


A Cidade - A Academia Brasileira de Letras nunca lhe interessou? Nunca teve vontade de se tornar um imortal?
Ferreira - Não. A Academia já me fez alguns convites e me considero até lisonjeado, mas não é o meu feitio. Tenho muitos amigos na Academia e tem vários intelectuais de muita qualidade ali dentro. Mas não é o meu temperamento e por isso nunca me candidatei e não pretendo me candidatar.


A Cidade - Parece que "Cem Anos de Solidão", do Gabriel Garcia Márquez, não passou pelo teste da sua segunda leitura. 
Ferreira - (risos) "Cem Anos de Solidão" foi um livro que, quando li pela primeira vez, gostei muito, depois foi uma decepção. Quer dizer, é bem feito, bem escrito e Garcia Márquez é um grande escritor, mas prefiro "Crônica de uma Morte Anunciada", que é mais denso e mais consistente. Existia uma série de recursos narrativos em "Cem Anos de Solidão" que perdeu o encanto.


(In: Jornal A Cidade)


POEMA 1

            Arriete Vilela

A Paixão
desfilou sua exuberância
sob a janela da minha alma.

Deveria ter-se anunciado
de alguma forma,
para que eu arejasse toda a casa
e me apressasse, alegre,
para recebê-la à vista de todos.

Mas não.

Flutuante e impulsiva,
a Paixão se fez breve sob a janela
da minha alma,

e a mim, que a tenho aguardado
como a gaivota solitária aguarda
o sol nascente,
deixou-me apenas entrever com que graça
voeja para longe dos ardis
das capturas afetivas.

(Do livro Luares para o Amor não naufragar, 2012)

                             ------


"Tão bom morrer de amor
   e continuar vivendo..."
                 Mário Quintana




(Uma das epígrafes do livro Luares para o Amor não naufragar)



domingo, 27 de maio de 2012




                                   POEMA 3

                                                Arriete Vilela


      O segredo protege a semente:
                     esse amor nutre-se de ausência
                     e garante a própria identidade
                     no desejo, na memória, no sonho,
                     no interdito.

       Esse amor não aflora ao mundo real,
       não emerge aos olhos,
       não conduz a mão ao carinho, ao gesto:
                     apenas resguarda o que sou
                     e afiança impossibilidades.

       Esse amor – vã semente lírica –
       contempla-se e não sabe o segredo,
       simples e comovente, do brotar-se.

       Esse amor desilude-me:
                     quer ancorar-se, permanente,
                     apenas na Palavra.

(Do livro Luares para o Amor não naufragar, 2012)


                                    POEMA 13

                                               Arriete Vilela

                       
Imaginam os que me leem
os raios e relâmpagos com que a Palavra
clareia os vãos da minha alma,
para que eu lhe confira o (quase) indecifrável
valor metafórico?

Imaginam que, sob cada verso,
há um desejo alegre e urgente,
um simbolismo velado
e uma paixão amorosa quase
desesperada?

Imaginam que, no corpo mesmo do poema,
volúpias impetuosas se abrasam
como bacantes em rituais primitivos?

Imaginam os que me leem
que a Palavra tece para mim,
todo dia,
um abrigo de pássaro dilacerado?

(Do livro Luares para o Amor não naufragar, 2012)

sábado, 26 de maio de 2012



"O amor dinamita a ponte e manda o amante passar."


                                  (Carlos Drummond de Andrade)



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Bom dia


De Arenato (estudante de Letras da UFAL)


Bom dia, Arriete Vilela. Tudo bem?
Sou o Arenato, o rapaz que a encontrou no ciclo de palestras de estudos Linguísticos e Literários, realizado na Ufal pelos que fazem o Pet-Letras, na última sexta-feira, 18/05. Gostaria de registrar, aqui, que foi um prazer conhecê-la pessoalmente, e num momento em que a palavra (a linguagem do evento) tecia seus fios e bordados como possibilidade de encontro entre os que se deixassem seduzir pelo encanto da Palavra.
Até aquela última sexta-feira, só a conhecia pela e através de sua literatura. Gosto muito de poesia e o primeiro contato que tive com sua obra foi através da leitura do livro de contos: Maria Flor etc, em cujos doze contos do livro senti a presença de uma escritora com uma grande sensibilidade para questões sociais, sem, no entanto, perder de vista o trabalho artístico com a palavra poética.
Li, recentemente, Luares para o Amor não naufragar, seu mais recente trabalho publicado. Gostei muito de seus poemas. Certeiros e comunicantes, seus versos vêm nos lembrar de que somos humanos e não máquinas; são luares que, pela sua simplicidade e beleza, encantam e nos instigam a resgatar, dentro de nós mesmos, o sentido ou a razão para um sentimento que não podemos deixar naufragar, mesmo em meio à dor ou ao sofrimento, numa sociedade marcada cada vez mais pela imediatividade e efemeridade das coisas. Gostaria de conhecer mais seu trabalho, mas estou tendo dificuldades quanto ao acesso, principalmente no tocante às poesias. Onde posso conseguir sua Poesia Reunida?

Um abraço,
Arenato
(Estudante de Letras – UFAL).


quarta-feira, 9 de maio de 2012


Arriete querida,

Estou deixando o Vietnã e partindo para Camboja. Até agora minha viagem tem sido muito produtiva. Tenho fotografado bastante, bem focada em dois projetos novos que estou desenvolvendo, e lendo um bocado, como é de costume. Primeiro, embalada pelo espírito cigano, li Na Estrada, do Jack Kerouac, em inglês. Achei um pouco difícil (pois é uma redação com muitas gírias e palavras locais) e repetitivo; a história é até um pouco cansativa, mas eu gostei enfim. Nada espetacular, mas eu compreendo por que é um livro tão lembrado por aí a fora. Depois, queria voltar ao português e comprei a obra completa online de Machado de Assis (tanto os contos quanto os romances). Devorei em pouco tempo Ressurreição. Realmente Machado é fantástico. Que beleza é a descrição dos personagens! E que banho de verdade e aula de ser humano que ele dá aos leitores! Imagino o rebuliço que ele deve ter causado no século XIX... Quando terminei Machado, queria continuar nos clássicos e, graças a você, li O Grande Gatsby, em inglês. Achei muito bom; uma baita crítica que se aplica ainda à sociedade do nosso tempo, como discutimos no dia em que eu assisti ao filme com você e os outros alunos do Grupo. E a leitura flui fácil... Fiquei com vontade de ler mais coisas do Fitzgerald. Agora estou de volta ao português e nas últimas páginas de Sagarana. A-pai-xo-na-da!! Que escritor incrível que é Guimarães Rosa!!! Parece que, a cada parágrafo, eu estou ouvindo os personagens, parece que eles estão sentados comigo, conversando sobre aquelas veredas... Poesia pura! Fico tão encantada pela língua portuguesa quando leio Rosa. 
Quando acabar esse livro tão bonito, estou pensando em encarar a pedreira de Grandes Esperanças, em inglês (medo!!!). Vamos ver se eu consigo vencer essa luta! :)
Volto em Setembro, cheia de saudade.
Um  beijo imenso,
Camila

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Luares para o Amor não naufragar


POEMA 23

                   Arriete Vilela


Quando lês os meus poemas,
talvez penses que os escrevo para alguém.

Não é verdade.

Escrevo-os para ter infância, para acalentar-me,
para ter um novo olhar  a cada manhã;

para não confundir fogos de artifícios
com tochas de luz no céu;

para recolher a réstia de luz
sob a única porta destravada;

para livrar a pele da minha alma
dos dentes afiados das feras cotidianas;

para elaborar-me como afeto
dilacerado nas asas da fênix;

para exercitar-me sobre as brasas vivas
na dança das mil palavras.

Escrevo-os como aurora no deserto.


                   (Do livro Luares para o Amor não naufragar)
                  

Do prof. dr. Arnoni Prado (Unicamp, SP)


Oi, Arriete! Recebi os seus livros, pelo quais
agradeço de todo coração. Olha, não comecei a
ler a sua prosa, mas o "Luares para o Amor não
naufragar", comecei e não consegui largar... É
livro de poeta, poeta mesmo! Fiquei feliz com a
evolução poética do seu trabalho. Poemas como
o 37, o 32, o 26 e 18... olha, é para ler ajoelhado...
Parabéns!
Mas parabéns mesmo!
E continue escrevendo. O seu talento é enorme.
Abraço grande do
Arnoni Prado
(Prof. dr. do Departamento de Teoria Literária da Unicamp, SP) 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Da escritora Gerana Damulakis (Salvador,BA)



Arriete: 
os livros chegaram hoje depois do almoço e, acredite, já li Alzirinha de uma sentada. Você sabe o quanto gosto de suas histórias (lembra como devorei o livro de contos?) e encontrei a mesma atmosfera, e certas passagens me pareceram tão familiares - isto se chama a intimidade do leitor com o autor através do conhecimento de sua obra. Adorei!
A poesia será lida com vagar porque o gênero pede que assim seja: às colherinhas de café, como dizia T.S. Eliot.
Obrigada por sua lembrança, sempre me enviando suas publicações, e pelo prazer que me proporciona a leitura de suas obras.
Grande beijo de Gerana
Abril/2012

Faíscas de poesia no céu claro desta manhã de maio