POEMA 23
Arriete Vilela
Quando lês
os meus poemas,
talvez
penses que os escrevo para alguém.
Não é
verdade.
Escrevo-os
para ter infância, para acalentar-me,
para ter um
novo olhar a cada manhã;
para não
confundir fogos de artifícios
com tochas
de luz no céu;
para
recolher a réstia de luz
sob a única
porta destravada;
para livrar
a pele da minha alma
dos dentes
afiados das feras cotidianas;
para
elaborar-me como afeto
dilacerado
nas asas da fênix;
para
exercitar-me sobre as brasas vivas
na dança das
mil palavras.
Escrevo-os
como aurora no deserto.
(Do livro Luares para o
Amor não naufragar)
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