quinta-feira, 3 de maio de 2012

Luares para o Amor não naufragar


POEMA 23

                   Arriete Vilela


Quando lês os meus poemas,
talvez penses que os escrevo para alguém.

Não é verdade.

Escrevo-os para ter infância, para acalentar-me,
para ter um novo olhar  a cada manhã;

para não confundir fogos de artifícios
com tochas de luz no céu;

para recolher a réstia de luz
sob a única porta destravada;

para livrar a pele da minha alma
dos dentes afiados das feras cotidianas;

para elaborar-me como afeto
dilacerado nas asas da fênix;

para exercitar-me sobre as brasas vivas
na dança das mil palavras.

Escrevo-os como aurora no deserto.


                   (Do livro Luares para o Amor não naufragar)
                  

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