segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Livros e amantes, de Izabel Brandão


Livros?
Melhor não tê-los.
Mas sem tê-los
como saber de seus incontáveis
segredos?

– São palavras
apenas.
Podem até dizer.

Mas se ficarem guardadas
ficam caladas, amuadas
um horror.

Melhor dispô-las
em prateleiras azuis
onde os olhos se espalhem gulosos,
e as mãos fiquem palpitando para tocá-las.

Ou então escondê-las entre as almofadas
do quarto de dormi
e só lê-las
quando brotar nos olhos
o desejo pelo ser amado.

Só assim o clandestino amor
pelas palavras pode descer do pedestal
e embeber-se no mel
enquanto os olhos tecem
estrelas no papel.


(In: Ilha de olhos e espelhos)

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