segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Poema 26, de Arriete Vilela


Montas o laço

da armadilha tão clara

e calmamente sob os meus pés

que me ofereço, inclusive, para te ajudar

no remate ao nó.


Em docilidade, permito que tires

todas as exatas medidas dos meus passos,

para que eu não os dê muito rígidos

em direção ao inevitável vazio,

às devastadoras não-referências.


É assim que deve ser,

pois se trata de libertação:

tu me preparas a armadilha,

e eu te ajudo no requinte do laço.


Desse modo, dificilmente saberemos

quem feriu a ética dessa paixão

e a fez sangrar para que doesse sempre,

sempre e sempre, como uma maldição.


(Palavras em Travessia - in: OBRA POÉTICA REUNIDA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário